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Roberto Carlos toma “banho de loja” e tira o mofo do seu especial na Globo

Mauricio Stycer

24/12/2015 00h59

RobertoCarlosGloboNatal2015
Como outras tradições de Natal, o especial de Roberto Carlos na Globo por décadas teve medo de se renovar, acreditando que o público queria mais do mesmo. A todo ano, algum novo ingrediente era introduzido apenas para efeito de marketing. O programa era vendido como "novidade", mas se tratava, claro, de cortina de fumaça para disfarçar que o produto continuava o de sempre.

Eis que, em 2015, o Rei realmente aceitou mexer na receita. Tirou, de fato, o mofo acumulado havia anos e propôs algo novo. Para início de conversa, "Roberto Carlos Detalhes" foi dividido em três partes, sendo que em duas delas o maestro Eduardo Lages não foi responsável pelos arranjos.

No primeiro bloco, Roberto cantou clássicos da Jovem Guarda acompanhado pela banda Jota Quest e dividiu o microfone com Paulo Ricardo, Carlinhos Brown e Rogério Flausino. Conseguiu dar cara nova a músicas como "Eu Sou Terrível", "Namoradinha de um Amigo Meu", "Negro Gato", e "Calhambeque".

Na segunda parte, o Rei cantou ao lado dos músicos estrangeiros com quem gravou, em Londres, o seu mais recente disco, "Primeira Fila", no qual relê velhos sucessos com arranjos originais. O público ouviu novas versões para "As Curvas da Estrada de Santos", "Eu te amo, te amo, te amo", "Mulher Pequena" e "Ilegal, Imoral ou Engorda".

No terceiro bloco reapareceu o Roberto de sempre, acompanhado da orquestra de Lages e com convidados que foram vistos o ano inteiro na TV – Thiaguinho e Ludmilla. A participação da funkeira, diga-se, foi ótima, tanto cantando o seu sucesso, "É Hoje", como em dueto com o Rei em "Café da Manhã".

O especial de 2015, terminou, como acontece há décadas, com "Jesus Cristo" e a tradicional distribuição de rosas. Seria esperar demais uma mudança nesta parte do roteiro. Ainda assim, eu diria que foi como trocar panetone por chocotone. Não é uma revolução, mas altera bem o gosto da coisa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.