Ivete, horário e crianças talentosas fazem a diferença no “The Voice Kids”
Mauricio Stycer
03/01/2016 15h22
Primeira estreia do ano na TV aberta, o "The Voice Kids" mostrou que é possível adaptar e melhorar formatos estrangeiros já conhecidos pelo público. A versão infantil da competição musical, apresentada neste domingo (03), conseguiu ser mais atraente e divertida que a original, já vista em quatro temporadas na Globo.
A emissora acertou em cheio na definição dos elementos básicos. Em primeiro lugar, o horário, por volta das 14h. Um concurso protagonizado por crianças não pode ser exibido à noite, como fez a Band com o "MasterChef Junior". Este é, de fato, um programa "para a família", como enfatizou Tiago Leifert na publicidade do "The Voice Kids".
O segundo acerto foi a escolha dos jurados. Ivete Sangalo mostrou segurança, conhecimento, bom humor e jeito para avaliar e interagir com as crianças. A dupla sertaneja Victor & Leo também foi uma boa escolha – bem mais afiados para a tarefa do que Daniel ou Michel Teló. E Carlinhos Brown, mais contido do que na versão adulta, também foi muito bem. "Eu gosto de ovo também", disse para um menino que falou: "Eu ouvo (sic) mais pop".
Por fim, mas não menos importante, a seleção inicial se mostrou rigorosa, com ótimos candidatos e boa escolha de repertório. Houve choro de vencedores e abraços emocionados nos eliminados, é verdade, mas a música foi o elemento principal da tarde — e não a pieguice ou a "fofura". Não por acaso, muita gente no Twitter viu mais qualidade nesta tarde de domingo do que na última edição inteira do "The Voice".
A grande questão, a acompanhar nos próximos episódios, é se o "The Voice Kids" vai continuar a exibir o frescor mostrado na estreia. "Criança não é adulto pequeno", observou Ivete, chamando a atenção para o risco de o programa privilegiar jovens que mimetizam figuras adultas. A graça está, justamente, no aspecto infantil da atração.
Em tempo: A estreia do "The Voice Kids" registrou 18 pontos de média em São Paulo (cada ponto equivale a 69,4 mil domicílios), cinco a mais que a Globo registrou nas últimas quatro semanas nesta mesma faixa horária (das 14h03 às 15h24). No Rio, o programa marcou 24 pontos, seis a mais que a média dos últimos quatro domingos.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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