“Além do Tempo” se repetiu e perdeu audiência na segunda fase
Mauricio Stycer
14/01/2016 05h01
Para um outro grupo de admiradores, menos entusiasmados, "Além do Tempo" será lembrada como uma novela cuja ideia, no papel, pareceu genial, mas o seu resultado final deixou a desejar. Estes fãs se encantaram com a primeira fase do folhetim, mas não viram graça alguma na segunda.
Parte deste público, inclusive, desistiu da novela. Dados do Ibope mostram, objetivamente, que a audiência de "Além do Tempo" caiu ao ingressar nos dias atuais. Com médias entre 21,5 e 20,5 pontos de julho a outubro, a trama caiu para médias em torno de 18,5 em novembro e dezembro.
A segunda fase começou em 22 de outubro. Neste dia, justamente, por conta da curiosidade, a novela alcançou o seu maior Ibope, 24,3 pontos. A partir daí, os números caem. É bom lembrar, claro, que a audiência da novela das 18h30 costuma decair em período de horário de verão e férias escolares. Mas me parece claro que parte do público simplesmente perdeu o interesse.
Vejo dois motivos principais para isso. Primeiro, porque a segunda parte, na realidade, não foi uma segunda novela. Elizabeth Jhin contou praticamente a mesma história, com pequenos detalhes alterados. Os personagens voltaram não apenas com os mesmos nomes como com as mesmas qualidades e defeitos.
E, em segundo lugar, a história nos dias atuais serviu apenas para o público avaliar a "evolução" dos principais personagens. Com viés "espiritualista", a autora quis discutir reencarnação, saber se Pedro, Melissa, Roberto e tantos outros "aprenderam com seus erros" e se mereciam melhores destinos depois do que fizeram na primeira fase.
Um folhetim rasgado e emocionante sobre o amor impossível de Livia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael Cardoso), "Além do Tempo" perdeu o encanto ao recontar esta história nos dias atuais. Em todo caso, não deixa de ser uma novela bem melhor do que "Amor Eterno Amor" (2012), a trama anterior de Jhin.
Destaco, em particular, a boa direção de Pedro Vasconcelos (núcleo Rogério Gomes) e o desempenho bem homogêneo do elenco. Cito alguns, entre os muito atores que apreciei: Irene Ravache (Vitoria), Emilio Dantas (Pedro), Ana Beatriz Nogueira (Emilia), Julia Lemmertz (Doroteia), Nivea Maria (Zilda), Dani Barros (Severa), Luis Mello (Massimo), Inês Peixoto (Salomé) e a sempre encantadora Mel Maia (Felícia).
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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