Série sobre crime nos anos 90 mostra um Kardashian que não queria a fama
Mauricio Stycer
21/02/2016 05h01
Exibidos os primeiros três episódios de "The People v. O.J. Simpson" (quintas, às 22h30), a maior surpresa é o destaque dado a um amigo de Simpson, o advogado Robert Kardashian (1944-2003), vivido por David Schwimmer (o Ross de "Friends").
Apresentado como um católico fervoroso e um homem bom e recatado, Robert é pai de Kim, Khourtney, Khloé e Rob Kardashian, hoje famosos por expor a vida da família em um reality show.
A história se passa entre 1994 e 95, quando Simpson foi acusado pelo duplo assassinato da ex-mulher Nicole e de Ron Goldman. Robert Kardashian foi o único amigo que permaneceu ao lado do ex-jogador. Ele, inclusive, participou da equipe de advogados que defendeu – e conseguiu absolver – Simpson.
Em outra passagem, ao sair para almoçar em um restaurante, em Los Angeles, as crianças ficam extasiadas ao constatar que pai está sendo reconhecido. Robert, por sua vez, manifesta estar perturbado com esta inesperada fama.
Dirigindo-se aos filhos, Robert diz em cena do terceiro episódio: "Nós somos Kardashians. E, nesta família, ser uma boa pessoa e um amigo leal é mais importante do que ser famoso. A fama é passageira. Não significa nada sem um coração virtuoso".
É difícil saber se o advogado disse algo parecido aos filhos. A frase parece ter a intenção de fazer uma crítica irônica ao que a família Kardashian virou.
Mas, segundo Larry Karaszewski, um dos criadores de "The People v. O.J. Simpson", a intenção é clara. "Uma das coisas que queríamos falar na série foi sobre o início deste ciclo de notícias 24 horas por dia e a invenção da ideia de reality TV", disse ele ao site da "Vanity Fair".
Sobre a cena em que as crianças ficam extasiadas ao ver o pai na TV, Karaszewski levanta uma hipótese: "Se você estivesse na casa dos Kardashian e todo esse frenesi de mídia estivesse ocorrendo, como isso te afetaria?"
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Abaixo, um trailer da série
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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