Até o autor está confuso com o caso do sequestro de Kiki em A Regra do Jogo
Mauricio Stycer
07/03/2016 06h02
A personagem começou a responder sobre o assunto no capítulo de quinta-feira (03). Levada pelo filho Dante (Marco Pigossi) a depor diante do delegado Fonseca (Thales Coutinho), ela começou o seu depoimento com as seguintes palavras: "Há 20 anos eu descobri as atividades ilegais do meu pai".
E suas primeiras palavras foram: "Quando eu era casada com Romero Rômulo eu comecei a perceber umas coisas esquisitas, comecei a ouvir umas conversas estranhas entre ele e meu pai. Toda hora eles se trancavam no escritório."
Foi então que espectadores saltaram da poltrona. Como assim? Romero (Alexandre Nero) só descobriu recentemente que Gibson é o pai da facção. Foi no capítulo de 16 de dezembro, quando ele era mantido em cativeiro na casa de Kiki e enxergou a presença do ex-sogro. No dia seguinte (17/12), Romero pressionou a ex-mulher e eles tiveram o seguinte diálogo sobre os dez anos de cativeiro de Kiki:
Kiki: Idiota mesmo! Você continuou sendo esses anos todos. Você foi o último a descobrir que o seu sogro era o chefe do seu bando.
Em resumo, ou Kiki mentiu para o delegado da PF ou João Emanuel Carneiro se esqueceu do que ele próprio já escreveu em "A Regra do Jogo". Temos uma semana ainda para descobrir isso.
O paralelo explícito entre Gibson e Hitler
O filme mostra os últimos dias de Hitler em um bunker, em Berlim, em abril de 1945. Em uma das cenas mais famosas (reproduzida em centenas de memes), o ditador alemão recebe más notícias de seus generais e tem um ataque histérico com eles. Foi justamente esta a cena usada como referência por "A Regra do Jogo", a pedido de João Emanuel Carneiro, como revelou o site Noticias da TV.
No momento mais forte, o líder da facção ordena que Mara (Lorena da Silva) suborne o delegado da Polícia Federal que está investigando a organização. Ela diz que ele não aceitará suborno. Gibson então grita:
"Como não? Isso aqui é Brasil. Todo brasileiro tem um preço. Entendeu? Eu já comprei deputado, senador, juiz, desembargador! Já comprei ministro, cardeal. Eu já comprei lei no Senado! Como é que não vou comprar um delegadozinho da Policia Federal? País de bosta! Povinho ordinário! Vocês vão morrer pobres! Vocês não merecem nada!"
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.