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"The Voice" seria mais justo se tivesse uma versão "kids" e outra "teen"

Mauricio Stycer

27/03/2016 15h18

Na final do "The Voice Kids", neste domingo (27), o apresentador Tiago Leifert lembrou da preocupação em apresentar "crianças que são crianças de verdade". "Criança não é adulto pequeno", apontou Ivete Sangalo logo na estreia, em janeiro. E, de fato, esta foi uma das razões do enorme sucesso do reality da Globo.

Em fevereiro, porém, o "The Voice Kids" sofreu uma inflexão. Na disputa entre o trio formado por Igor Silveira, 9 anos, Rafa Gomes 10, e Kaliny Rodrigues, 11, cantando "Superfantástico", um dos hinos do grupo Balão Mágico nos anos 80, "o fofurômetro explodiu", observou Leifert.

Naquele momento, se ainda havia alguma dúvida, ficou claro para todo mundo que os aspectos emocionais e afetivos eram mais importantes que os musicais no "The Voice Kids". Emoção, graça e choro se tornaram o prato principal da disputa.

Na última semana, depois da semifinal, observei que o programa não foi exatamente um concurso musical, como prometia, mas ofereceu um entretenimento da melhor qualidade, perfeito para quem está diante da TV no início da tarde aos domingos.

Alguns leitores me chamaram a atenção para um problema relacionado a este caminho adotado pelo "The Voice Kids". As crianças maiores, os adolescentes, ficaram em segundo plano, perderam importância diante das crianças menores.

A final deixou isso claro, ao colocar Rafa Gomes, de 10 anos, e Perola Crepaldi, de 11, em disputa com Wagner Barreto, de 15. É possível – e justo – comparar a voz e a performance de uma menina de 10 com a de um garoto de quase 16 (faz aniversário em maio)?

O leitor Roberto Struan apresentou, a este propósito, uma boa ideia: "O que a Globo deveria fazer seria um 'The Voice Kids' com crianças de 9 a 12 anos e um 'The Voice Teen', com adolescentes de 13 a 16 anos. Ai, não teríamos esse problema de fofurinhas". Por "problema" entendi que ele quis dizer o destaque maior que os menores tiveram.

E, se não for possível fazer dois programas, por que não colocar dois prêmios em disputa dentro do mesmo concurso – um para os kids e outro para os tens? Fica a sugestão para a próxima edição.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.