“Liberdade, Liberdade” resume as sete mudanças no rumo das novelas da Globo
Mauricio Stycer
12/04/2016 01h17
O diretor assumiu o cargo em um momento delicado. A Globo teve vários problemas com novelas exibidas nos anos anteriores e também com folhetins que foram ao ar depois que ele tomou posse, mas cujos projetos foram aprovados antes.
Com a estreia de "Liberdade, Liberdade" no horário das 23h, é possível dizer que os quatro folhetins atualmente no ar passaram pelo crivo de Abreu. Nota-se, assim, com mais clareza algumas características do projeto que o diretor está implantando na área. As ideias que tem defendido se refletem em alguns pontos básicos.
3. Menos realidade: A próxima novela das 19h30, "Haja Coração", que estreia em maio, é uma releitura de "Sassaricando", do próprio Silvio Abreu, ambientada em São Paulo. Como já explicou o diretor Fred Mayrink, "teríamos muitos matizes para destacar ao retratar a cidade, e optamos por mostrar essa São Paulo solar, alegre. Optamos pela leveza, pensando em entretenimento para toda a família". Ou seja, uma São Paulo que não existe.
5. Menos mundo cão: Em vez de uma modelo viciada em crack, uma agenciadora de garotas de programa e um empresário psicopata, que casou com uma mulher para ficar com a sua filha, como vimos em "Verdades Secretas", em "Liberdade, Liberdade" a Globo se volta para o século 18 e conta uma história ligada à Inconfidência Mineira.
7. Menos favelas: Reclamação de muitos espectadores, a sucessão de histórias ambientadas em comunidades carentes, mostrando aspectos da realidade brasileira, saiu do ar. Nenhuma das atuais novelas mostra ambientes com estas características.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.