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À moda de Geraldo Luis, Faustão embarca na onda dos reencontros chorosos

Mauricio Stycer

10/07/2016 21h02

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Promover reencontros entre pessoas que não se veem há décadas é uma especialidade dos programas de auditório da TV brasileira. A arte de elevar o Ibope fazendo o espectador chorar é praticada pelos mais variados apresentadores em todos os canais.

A lista é longa e não quero cometer injustiças. Vou citar apenas os principais que, nos últimos anos, usaram e abusaram do recurso: Luciano Huck na Globo; Eliana, Ratinho e Celso Portiolli no SBT; além de Geraldo Luis, Rodrigo Faro, Gugu Liberato e Sabrina Sato na Record, entre outros.

A audiência está em queda? O concorrente está ameaçando? Promova um reencontro de pai e filha que estão afastados há 20 anos. É tiro e queda.

Faustão já fez isso também. Em 2012, uma mãe desmaiou no palco depois de reencontrar a filha que não via há 50 anos. Este ano, o programa parece decidido a embarcar na onda

Uma página no site do "Domingão" convida os espectadores a enviar histórias. "Se o seu relato for emocionante, você poderá ter sua história contada no programa da família brasileira", avisa. Em março, um comerciante reencontrou o filho que havia deixado 25 anos antes.

faustaocasal50anosNeste domingo, numa ação promovida ao longo de toda a semana, o "Domingão" promoveu o reencontro entre um homem e uma mulher que foram noivos, mas ficaram 50 anos sem se ver depois que o pai da noiva proibiu o casamento.

Iza e Sidney vinham conversando por telefone há dez meses, desde que ele ficou viúvo, mas ainda não tinham se visto. Com direito a um biombo, os dois foram levados ao palco e ouviram depoimentos de parentes e amigos – e até do dentista que arrumou os dentes de Sidney. Depois de 12 minutos, finalmente, se viram e se beijaram apaixonadamente.

Na comparação com o "Domingo Show", talvez o programa que mais goste de promover estes encontros melosos, a única qualidade do "Domingão Do Faustão" foi ter sido conciso. Na mão de Geraldo Luis, a história de Iza e Sidney renderia no mínimo uma hora e meia.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.