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Após 155 capítulos, surge o primeiro personagem ambíguo em “Eta Mundo Bom”

Mauricio Stycer

18/07/2016 06h01

etamundobombraz2Um dos segredos do sucesso de "Êta Mundo Bom" é o seu maniqueísmo. O conflito entre o bem e o mal, apresentado de forma muito simplificada e clara, não deixa espaço para o espectador ter dúvidas.

Sem ambiguidade, os personagens ou são bons ou são maus. O público sabe exatamente o que esperar dos vilões e dos mocinhos. E, hábil, Walcyr Carrasco nunca decepciona, sempre oferecendo recompensas para quem torce pelos personagens "certos".

Diferentemente do que ocorre na vida real, em "Êta Mundo Bom" não se vê um único personagem contraditório, bom e mau ao mesmo tempo. Já aconteceu de dois personagens, que começaram a novela como vilões, terem se redimido e ficado bons. A transformação de ambos foi provocada por motivos parecidos – o amor.

Romeu (Klebber Toledo) era um golpista esperto, chegou a ser preso, mas virou uma boa pessoa depois de ganhar na loteria e se apaixonar por Mafalda (Camila Queiroz). Já Celso (Rainer Cadete), que só pensava em se divertir e torrar a herança da tia, se afastou de Sandra (Flavia Alessandra), a irmã maléfica, e se tornou um homem bom após se apaixonar por Maria (Bianca Bin).

etamundobomdianaseveroEis que depois de 155 capítulos, na última semana, pela primeira vez, um personagem se mostrou ambíguo – meio mocinho, meio vilão. Trata-se de Braz (Rômulo Neto), o irmão de Maria que sonha ser diplomata. Disposto a vingar a morte da mãe, o rapaz aplicou um golpe engenhoso no pai, o inescrupuloso Severo (Tarcísio Filho). A trama foi armada em parceria com Diana (Priscila Fantin), por quem Braz se dizia apaixonado.

Pois o público acaba de descobrir que o rapaz também estava enganando Diana – não gostava mais dela. Por outro lado, metade do dinheiro que conseguiu com o golpe foi generosamente depositado em uma conta da irmã. Foi uma surpresa
etamundobomcelsomaria2tão grande que Carrasco precisou explicar. Fez Celso, em conversa com Maria, dizer (para o público): "Seu irmão é estranho. Às vezes, parece bom, às vezes parece mau".

Segundo spoilers já divulgados, nos próximos capítulos Braz vai enganar também Ilde (Guilhermina Guinle). Na lógica da novela, ela "merece" sofrer pelo tanto de maldades que fez até agora. Resta ver como o autor de "Êta Mundo Bom" vai dar seguimento à história de Braz. Aposto que ou o rapaz se transformará de vez em um vilão, e será punido, ou vai se redimir ao encontrar um novo amor. Vamos acompanhar.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.