Por causa de Sergio Guizé, novela das 18h merecia ter se chamado “Candinho"
Batendo recordes de audiência atrás de recordes, "Êta Mundo Bom" vai entrar em agosto, seu último mês, com números que a Globo não registrava no horário desde 2007, quando exibiu o final de "O Profeta". Um bom naco do sucesso da novela de Walcyr Carrasco pode ser creditado ao desempenho excepcional de Sérgio Guizé, na pele do protagonista Candinho.
O nome do personagem, aliás, iria servir de título para a novela, assim como batizou o filme de Abílio Pereira de Almeida, protagonizado por Mazzaropi, em 1954. O roteiro do longa-metragem é inspirado em "Cândido, ou o Otimismo", de Voltaire.
Em "Êta Mundo Bom", Candinho não apenas dita o ritmo, mas o tom da narrativa. A sua ingenuidade exagerada serve de parâmetro para todos os personagens. Nenhum é tão bom quanto ele. E os maus, por contraste, ficam ainda piores diante dele. O público não apenas torce, como quer cuidar, orientar, Candinho.
Guizé tomou emprestado alguns tiques de Mazzaropi, para deixar claro que o seu personagem vem de algum lugar anterior, possui uma linhagem, digamos assim. Mas, até por ter um tipo físico diferente do ator que personificou o Jeca Tatu, deu um jeito próprio ao seu Candinho.
O ator protagonista de "Êta Mundo Bom" mergulhou mesmo no personagem. É uma entrega que chama a atenção. Candinho poderia soar ridículo se mal construído e levar a novela para um outro caminho.
À medida em que a história avançava, o domínio do ator foi ficando mais nítido, a ponto de hoje ser visível que Guizé está se divertindo na pele do personagem.
Com uma carreira mais dedicada ao teatro, o ator emendou três papéis seguidos na Globo como protagonista – primeiro como João Gibão em "Saramandaia" (2013), depois como Caíque em "Alto Astral" (2014) e agora este na novela das 18h.
Além de Guizé, creio que Marco Nanini foi o outro ator fundamental para balizar o tom da comédia de "Êta Mundo Bom". Meio sábio, meio trapalhão, o seu Pancrácio (Pangloss, no texto de Voltaire) compôs perfeitamente com Candinho.
Não que a novela não conte com outros atores em grandes momentos, mas Guizé e Nanini serviram, na minha opinião, como referências do elenco.
Em outubro de 2015, quando Walcyr Carrasco deu uma entrevista ao "UOL Vê TV", perguntei a ele por que a novela havia mudado de nome, de "Candinho" para "Êta Mundo Bom". A sua resposta faz sentido (veja abaixo). Mas hoje, quase dez meses depois, é possível dizer que não seria injusto, muito pelo contrário, se a trama tivesse como título o nome de seu protagonista.
"Há um risco quando você joga uma novela no nome de um personagem só"
UOL vê TV: 10 motivos que explicam o sucesso de "Êta Mundo Bom"
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