Divertido e bem produzido, Porchat estreia com convidados inexpressivos
Mauricio Stycer
25/08/2016 01h22
Fábio Porchat é inteligente, simpático, engraçado, sabe rir de si mesmo, tem raciocínio rápido e se comunica bem com o público. Reúne todas as qualidades para ser um ótimo apresentador de talk show.
A estreia do "Programa do Porchat", já na madrugada desta quinta-feira (25), mostrou para quem ainda não conhecia todas estas qualidades do ator e humorista. O único problema foi a escolha dos entrevistados. Sasha Meneghel e Wesley Safadão não tinham muito o que dizer nem fazer no talk show. Não trouxeram nem informação nem maior diversão ao programa.
Sasha Meneghel, "a anônima mais famosa do Brasil", nas palavras de Porchat, foi uma escolha ousada para a estreia. A filha de Xuxa, cujo nascimento foi notícia no "Jornal Nacional", nunca havia dado uma entrevista em seus 18 anos.
Esse ineditismo justificou a opção para a estreia. Mas e daí? Sasha tinha algo a dizer? Será que não teria sido melhor continuar com zero entrevistas no currículo? Descobrimos que Sasha tem tatuagem e piercing, sente vergonha da mãe, não caça Pokemon e vai morar em Nova York.
Outro problema: estrear com a jovem passou uma imagem excessivamente "chapa branca" do "Programa do Porchat". Sasha não trabalha na Record, mas sua mãe faz um programa semanal na casa, onde não se cansa de falar de si mesma, da filha e da mãe.
No número de abertura, Porchat citou a Globo e os nomes de vários artistas da emissora concorrente (Jô Soares, Marcelo Adnet, Pedro Bial, Tiago Leifert), como que querendo deixar claro que terá liberdade de falar sobre o que quiser. Também entrevistou Tatá Werneck por telefone, supostamente sem ela saber que a conversa teria o destino que teve.
Com muitos recursos, como seria de se esperar em uma estreia, Porchat reuniu vlogueiros famosos para uma rápida piada – uma aula do apresentador sobre o que é televisão.
Depois de Sasha, o apresentador entrevistou Wesley Safadão, o cantor-sensação de 2015. Ou seja, uma das figurinhas mais presentes na televisão há mais de um ano. Ele revelou que nunca falhou na cama, mas já mandou nudes para namoradas e mentiu para a mãe.
Na melhor tradição dos atuais talk shows americanos, que tratam as entrevistas quase como elemento acessório dos programas, os convidados de Porchat protagonizaram atividades inesperadas. Sasha tentou dirigir um Fusca e Safadão jogou futebol com pessoas da plateia. Ninguém lembrará disso daqui a 15 minutos.
Sem restrições por parte da Record, o "Programa do Porchat" tem tudo para ser uma alternativa divertida na faixa do fim de noite. Talento não falta ao apresentador. O seu desafio será, de fato, levar gente interessante para o programa.
Primeiro lugar
O "Programa do Porchat" teve uma estreia excelente, deixando a Record em primeiro lugar no horário de exibição (0h14 à 1h15), com 9 pontos de média, seguida pela Globo (7) e SBT (5), em São Paulo. Este resultado representa o dobro da audiência média da emissora nesta faixa em julho. No Rio, igualmente, o talk show ficou em primeiro lugar, com média de 10 pontos, empatado com a Globo. Na maior parte do tempo, a estreia da Record se confrontou com o "Profissão Repórter" e o "The Noite".
Abaixo, uma entrevista que fiz com Porchat em junho:
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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