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Inspiração para Luzia veio de memórias de mulheres valentes, diz Lucy Alves

Mauricio Stycer

31/08/2016 06h01


Cantora, compositora e sanfoneira, Lucy Alves é, de longe, a maior revelação de 2016 como atriz de televisão. Em seu primeiro trabalho no meio, ela está encarnando Luzia, a mulher apaixonada e atormentada da novela "Velho Chico".

Com uma segurança de veterana, a novata tem contracenado em cenas fortes e emocionantes com veteranos como Domingos Montagner (Santo), Irandhir Santos (Bento) e Zezita Matos (Piedade). "Eles foram o esteio da minha personagem. Sem esse núcleo, sem essa família, protagonizada por atores tão incríveis, talvez Luzia não tivesse conhecido tantos horizontes", diz Lucy ao UOL.

Apesar de ter mentido e enganado Santo, Luzia não é exatamente uma vilã. Nos últimos capítulos, admitiu seus erros e reconheceu que perdeu o marido para Tereza (Camila Pitanga). "Luzia é uma mulher forte, que luta incessantemente pelo que quer, com um comportamento desequilibrado emocionalmente, precário, sofrendo de uma ausência de paz interior", diz a atriz.

Para criar esta personagem, Lucy conta ter se inspirado em um repertório pessoal de lembranças. "Eu me utilizei de memórias guardadas de mulheres que vi pela vida à fora… Uma valentia que brota da terra sem esmorecimento fácil… Sem nunca esquecer de uma doçura inefável que as mesmas carregam", revela.

Finalista da segunda temporada do "The Voice Brasil", em 2013, Lucy foi convocada por Luiz Fernando Carvalho, dois anos depois, para um teste destinado à seleção do elenco da série "Dois Irmãos". O perfil não combinou exatamente com o que o diretor queria, mas o impressionou: "Seu desempenho me revelou uma artista genuína. Independente da experiência como musicista e cantora, havia ali uma artista que colocava muita verdade em cada instante", conta Carvalho ao UOL.

Já em 2016, fazendo a seleção do elenco de "Velho Chico", Carvalho chamou novamente Lucy, mas a dispensou de testes. "Enxerguei uma artista com enorme talento, ainda um diamante bruto no início dos ensaios. Mas era também alguém com um luminoso carisma, aliado à uma imensa necessidade de se expressar. Seus olhos revelavam uma urgência, talvez um pedido de socorro, um grito que precisava jorrar, como se, até então, não soubesse ao certo onde depositar tanta vida", diz ele.

"Um milagre chamado Lucy Alves"

Impressionando com o desempenho da atriz, Carvalho se derrete: "É muito talento, não é? É um espanto!", diz. "Lucy, naturalmente, trouxe um vocabulário absolutamente novo para uma heroína trágica. Nenhuma outra atriz, por mais talentosa que fosse, jamais construiria uma Luzia como a de Lucy, repleta de luzes e sombras, e que se joga com coragem ao inesperado de cada cena."

O diretor vai além: "Talvez esta coragem de se lançar à experiência de viver uma personagem, e não simplesmente interpretá-la, faça de Lucy não uma novata, mas sim uma grande artista."

Por fim, Carvalho observa que o desempenho da atriz não pode ser dissociado do trabalho feito com todo o elenco. "A preparação dos atores não termina nunca! A cada mudança da história, corresponde a muitas conversas e ensaios sobre o encaminhamento das cenas. Por isso, apesar de seu imenso talento, o sucesso de Luzia precisa ser compartilhado com todo o grupo que a cerca. É uma atmosfera especial que é oferecida a todos os atores, um conjunto de estímulos que atravessa a todos nós, fazendo com que milagres acontecem, como este chamado Lucy Alves".

Antes de "Velho Chico", Lucy subiu ao palco em 2015 como atriz no musical "Nuvem de Lágrimas", baseado em músicas de Chitãozinho e Xororó. Os seus planos futuros incluem seguir na carreira de atriz paralelamente à de música. "Tudo isso me fascina. Vamos em frente", diz ela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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