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“Cadê a peruca? Ninguém lembra mais”, diz diretor sobre atuação de Fagundes

Mauricio Stycer

23/09/2016 05h04


O desempenho de Antonio Fagundes na reta final de "Velho Chico" está chamando a atenção. Vivendo a decadência do coronel Saruê, o ator tem emocionado em diversas cenas da novela. No capítulo desta quinta-feira (22), perturbado com o abandono da mulher, Iolanda, dos dois filhos, do neto, e a morte da mãe, Afrânio decidiu cimentar parte da sua residência, para abafar as lembranças.

velhochicofagundescarvalhomontagner"É o melhor desempenho do Fagundes nos últimos tempos", diz o diretor da novela, Luiz Fernando Carvalho (na foto entre Fagundes e Domingos Montagner na festa de lançamento da novela, em março). "Cadê a peruca? Ninguém se lembra mais! O personagem é todo uma peruca só que se esfarela pouco a pouco."

A referência de Carvalho a este adereço do figurino do personagem se explica. Durante meses, houve reclamações, inclusive dentro da Globo, sobre a peruca usada por Fagundes para compor Saruê.

velhochicofagundescoronelafranio2A peruca fazia parte de um conjunto, como explicou Carvalho ao UOL, em abril. "Você pode ver no Saruê uma mistura de Donald Trump com Sarneys da vida, ACM, Menem, todos os latino-americanos, metade galãs, metade presidentes da República. Que faziam plástica, pintavam o cabelo, tinham esse lado de galã mexicano. Que Ronald Reagan também tinha. Esse cara (Saruê) assimila tudo isso e dá à novela essa eletricidade do tragicômico e, às vezes, do patético".

Cinco meses depois, Saruê está perto de reencontrar o Afrânio que foi um dia, na juventude. Carvalho é só elogios para o desempenho do ator: "Fagundes faz um personagem muito longe dele. Que coragem! Poucos fariam esse deslocamento, que implica em abandono do ego e vaidades."

O diretor acrescenta: "É sem duvida um apuro na arte de interpretar, um exemplo a ser seguido, sem falar do alto nível de comprometimento. Um grande desafio que ele venceu com louvor e sensibilidade, traçando um retrato fiel da decadência do coronelismo do passado e do presente."

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.