“Cadê a peruca? Ninguém lembra mais”, diz diretor sobre atuação de Fagundes
Mauricio Stycer
23/09/2016 05h04
O desempenho de Antonio Fagundes na reta final de "Velho Chico" está chamando a atenção. Vivendo a decadência do coronel Saruê, o ator tem emocionado em diversas cenas da novela. No capítulo desta quinta-feira (22), perturbado com o abandono da mulher, Iolanda, dos dois filhos, do neto, e a morte da mãe, Afrânio decidiu cimentar parte da sua residência, para abafar as lembranças.
A referência de Carvalho a este adereço do figurino do personagem se explica. Durante meses, houve reclamações, inclusive dentro da Globo, sobre a peruca usada por Fagundes para compor Saruê.
Cinco meses depois, Saruê está perto de reencontrar o Afrânio que foi um dia, na juventude. Carvalho é só elogios para o desempenho do ator: "Fagundes faz um personagem muito longe dele. Que coragem! Poucos fariam esse deslocamento, que implica em abandono do ego e vaidades."
O diretor acrescenta: "É sem duvida um apuro na arte de interpretar, um exemplo a ser seguido, sem falar do alto nível de comprometimento. Um grande desafio que ele venceu com louvor e sensibilidade, traçando um retrato fiel da decadência do coronelismo do passado e do presente."
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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