De alto nível, elenco de Velho Chico exibiu coesão de uma companhia teatral
Mauricio Stycer
28/09/2016 07h01
"Velho Chico" talvez seja a novela com elenco mais enxuto exibida em muitos anos. Com menos de 30 atores em papéis fixos, a trama de Benedito Ruy Barbosa ofereceu chances quase iguais para atores consagrados ou para novatos e menos experientes.
"O grupo todo é comprometido como se fosse uma companhia de teatro. Não há diferença entre o mais experiente e o menos, o que importa é a experiência humana por onde todos passam", diz Luiz Fernando Carvalho, diretor da novela.
A imagem de uma companhia de teatro faz sentido para quem acompanha o trabalho de Carvalho. "A preparação não termina nunca! A cada mudança do personagem, corresponde a muitas conversas e ensaios sobre o encaminhamento das cenas, muito trabalho sobre as dúvidas de cada um", diz.
O mesmo vale para atores em papéis menores, como Gésio Amadeu (Chico Criatura), Suely Bispo (Doninha), Mariene de Castro (Dalva), Batoré (Queiroz), Luci Pereira (Ceci) e Lucas Veloso (Lucas). A cada entrada em cena é como se estivessem tendo a chance de fazer um número solo no palco – e raramente decepcionaram.
O cuidado com a preparação também explica por que alguns bons atores, mal aproveitados em outros papéis, tiveram a oportunidade de brilhar tanto em "Velho Chico – Selma Egrei (Encarnação) é o melhor exemplo. Umberto Magnani (Romão) foi outro que parecia muito feliz em cena. Também ajuda a entender a evolução ao longo da novela de alguns atores, em especial Camila Pitanga (Tereza), que demorou um pouco a entregar o que se esperava dela.
Não poderia deixar de mencionar outras atuações de alto nível oferecidas por grandes atores, como Chico Diaz (Belmiro), Rodrigo Lombardi (capitão Rosa), Julio Machado (Clemente), Eulália (Fabiula Nascimento) e Carlos Vereza (Benício). Em resumo, um time para não esquecer.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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