“Fantástico” ousa com falso documentário sobre casos da Vara de Infância
Por 15 anos, a juíza Andrea Pachá viu passar, diante de sua mesa, em uma Vara de Família do Rio, os casos mais surpreendentes – muitas vezes trágicos, eventualmente cômicos – de litígios envolvendo crianças.
Sem poder reproduzir detalhes destas histórias em público, ela escreveu um livro de crônicas, "A Vida Não É Justa", no qual mistura elementos de várias histórias que julgou, alterando nomes e datas.
É este livro que serve de base para uma série que o "Fantástico" estreia neste domingo (9), intitulada "Segredos de Justiça". Gloria Pires interpreta a juíza e atores conhecidos vivem os personagens das cinco histórias escolhidas para a adaptação.
Na estreia, é contado o caso de Emerson (vivido por Marcello Melo Jr.), que assume a paternidade do filho de sua melhor amiga, Cristiane (Natalia Lage), depois que ela, ainda grávida, é abandonada por Túlio (Igor Angelkorte), o pai da criança. A certa altura, Cristiane diz que vai viajar e some por meses, deixando Emerson sozinho com a criança. Depois de alguns anos, Túlio e a mulher voltam a se entender e ele pede à Justiça que o reconheça como o pai.
Para contar esta história, além de encenar a situação com os atores famosos diante da juíza (Gloria Pires), o diretor artístico Rafael Dragaud recorreu também ao formato de docudrama, exibindo depoimentos das pessoas que viveram a história na realidade. Assim, intercala momentos encenados com trechos de entrevistas.
A surpresa, revelada ao final de cada episódio, é que também são atores as pessoas que prestam os depoimentos. Eles fingem ser Emerson, Cristiane e Túlio. Trata-se, assim, de um falso docudrama – uma ousadia com potencial de confundir alguns espectadores nas noites de domingo.
Os americanos chamam de "docudrama" os documentários que utilizam atores para a reconstituição de fatos.
"É irrelevante saber se é encenado", diz Dragaud, lembrando que as próprias crônicas da juíza Andrea Pachá não são fieis literalmente ao que ela viveu, mas uma recriação de várias histórias. "Temos vontade de exibir coisas novas, propor ousadias narrativas", diz o diretor da série.
A Globo exibiu três dos cinco episódios para um grupo de jornalistas na última semana. Presente à sessão, Gloria Pires contou que buscou transpor para a TV a ótima impressão que a juíza Pachá lhe causou. "Fiquei encantada. É tão gente como a gente".
Este é o primeiro trabalho da atriz desde "Babilônia", encerrada em agosto de 2015. Este ano, em fevereiro, ela causou diversão e polêmica comentando o Oscar na Globo sem ter visto os filmes que disputavam o prêmio.
Num sinal de que a série agradou internamente, antes mesmo da estreia neste domingo, a emissora já encomendou uma nova fornada de cinco episódios de "Segredos de Justiça" para 2017.
O interesse por histórias do universo de Varas de Infância também é a matéria-prima da série de "Conselho Tutelar", co-produzida pela Record, que já exibiu duas temporadas (em 2014 e 2016).
Baseada igualmente em histórias reais, uma terceira temporada, com cinco episódios, irá ao ar no ano que vem. A série é uma co-produção da produtora Visom Digital e da Universal Networks.
Fotos: Globo/ Renato Rocha Miranda
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