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“Shark Tank Brasil” comprova que reality show não precisa de apresentador

Mauricio Stycer

20/10/2016 05h01


Nascido no Japão em 2001, adaptado nos Estados Unidos em 2009, o reality show "Shark Tank" se tornou um sucesso em vários países e, como não poderia deixar de ser, ganhou uma versão brasileira este ano.

Exibido pelo canal Sony, o programa mantém as características que o consagraram – cinco empresários avaliam projetos de negócios de empreendedores e decidem, na hora, se vão investir ou não nas propostas.

Nesta quinta (20), às 21h, vai ao ar o segundo episódio de um total de 13, todos já gravados.

Os empreendedores submetem seus projetos para Sorocaba, cantor da dupla com Fernando e empresário de outros artistas; Cristiana Arcangeli, empresária do segmento de moda e beleza; João Appolinário, fundador da Polishop; e Robinson Shiba, dono da China in Box. Camila Farani, investidora-anjo no Brasil, e Carlos Wizard, fundador da rede de escolas de idiomas Wizard, se revezam a cada programa.

O público assiste à tentativa do empreendedor de convencer os investidores e os questionamentos que os donos do dinheiro fazem. No programa de estreia teve desde um sujeito que vende adubo orgânico com a marca Bosta em Lata até uma linha de roupas para ciclistas, passando por comida para bebês e próteses para pessoas com deficiências.

A narrativa se constrói a partir destes diálogos entre quem está vendendo uma ideia e quem, eventualmente, pode decidir investir nela. Tudo flui muito bem, sem a necessidade de um apresentador. Como, aliás, ocorre em versões estrangeiras do programa.

anapaulapadraomasterchefOutros programas adaptados no Brasil também dispensam, em versões estrangeiras, apresentadores. É o caso, por exemplo, do "MasterChef". Outros concursos, como o "The Voice", lembram vários leitores, contam com apresentadores, mas com função pouco relevante em cena.

tiagoleifertthevoice2Sempre achei supérflua a presença de Ana Paula Padrão e Tiago Leifert nestas duas atrações. E, de fato, são. Eles devem servir como chamariz para o mercado publicitário e, talvez, para confortar os espectadores, que estão acostumados (viciados?) a ver apresentadores à frente de programas de TV.

O primeiro episódio de "Shark Tank", enfim, manteve o meu interesse do inicio ao fim, sem que fosse necessário colocar alguém no meio do palco fazendo anúncios ou informando o tempo que os candidatos tinham para apresentar os seus projetos.

Para quem tem alguma vocação para empreendedorismo ou sonha em ter o próprio negócio, o reality é muito curioso. Na função de avaliadores e possíveis investidores, os empresários fazem observações pertinentes e levantam dúvidas que fazem sentido para o leigo. Em tese, estão investindo os próprios recursos nas propostas que aprovam.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.