A cena da semana: “A fé é um alento”, diz a vilã Magnólia antes de matar
Mauricio Stycer
14/01/2017 05h01
"Sagrada Família", o titulo original, expressava muito melhor do que "A Lei do Amor" o tema principal da novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Seria um título irônico, claro, pois não há nada de sagrado na família Leitão, em torno do qual gira toda a história.
O patriarca Fausto (Tarcísio Meira) tem um passado da pior espécie, envolvido em falcatruas e corrupção. Sua segunda mulher, Magnólia (Vera Holtz), é igualmente ardilosa, sem escrúpulos (tornou-se amante do genro) e suspeita de vários crimes. Hércules (Danilo Graghéia), um dos filhos do casal, é um idiota. Vitória (Camila Morgado), a outra filha, nunca teve equilíbrio emocional, além de desconhecer que a mãe tem um caso com seu marido. Pedro (Reynaldo Gianecchini) é o filho pródigo (de Fausto), que retorna para tentar encerrar o caos familiar.
Magnólia, desde o primeiro capítulo, deixa claro para o espectador que é uma pessoa da pior espécie. Além de todos os seus pecados, é hipócrita, pois tenta passar a imagem de beata e vive falando de Deus.
Apontando a arma para Beth, que se desespera, Magnólia ensina: "Dignidade. Dignidade. A pior coisa é a pessoa que perde a dignidade antes de desencarnar. Mas, se você quiser, nós podemos fazer uma oração juntas." Sublinhando cada palavra, Beth responde: "Eu não acredito em Deus". Ao que a vilã diz antes de, finalmente, apertar o gatilho: "Que pena. A fé é um alento. Principalmente nestas horas."
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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