Correndo o risco de ficar chato, “Amor & Sexo” se assume como “telecurso”
Pelos temas que apresenta desde 2009, "Amor & Sexo" sempre teve um pé ancorado no didatismo. Mas frequentemente conseguiu ser um programa muito lúdico e divertido. Na temporada que estreou no final de janeiro, a atração tem feito, em alguns episódios, uma opção radical – a de dar lições sérias sobre temas essenciais.
Foi assim no programa sobre feminismo, no qual todas as brincadeiras, dinâmicas e atividades propostas por Fernanda Lima tiveram o único propósito de abordar diferentes aspectos envolvidos num tópico maior – os direitos da mulher. Isso também ocorreu na edição dedicada ao machismo e, nesta quinta-feira (02), no episódio exclusivamente voltado ao universo LGBT.
Concordo com o crítico Nilson Xavier, para quem "Amor e Sexo" é um programa de utilidade pública por sua pregação contra o preconceito e a caretice. Mas acho que eventualmente derrapa no excesso de didatismo – o que acaba dificultando o debate de visões diferentes.
No início de fevereiro, comentando o programa dedicado aos direitos da mulher, escrevi na Folha:
Diferentemente de uma novela, que pode desdobrar um tema de responsabilidade social ao longo de muitos capítulos, um programa de auditório é limitado pelo tempo e pelo espaço. No caso específico desta edição de "Amor & Sexo", tive a impressão de estar assistindo a uma edição caprichada de "Telecurso" – talvez aquela dedicada ao antigo primeiro grau.
Fernanda Lima, ao apresentar o programa desta quinta, de alguma forma reconheceu a questão. Disse ela:
A título exclusivamente didático, pra aprender, entender e, consequentemente, respeitar o programa apresenta aqui o telecurso do gênero. E é claro que 50 minutos, que é o tempo desse programa, é sempre muito pouco para tanto assunto, mas esse panorama pode ajudar a gente a esclarecer um pouco, pelo menos.
Acho honesto da parte da apresentadora e da equipe que faz o "Amor & Sexo" falar abertamente sobre esta ambição didática e abrir mão da troca de ideias e do entretenimento em prol do esclarecimento. Mas não posso deixar de dizer que, como espectador, esperava mais.
Em tempo: Uma das atrações do programa foi a presença de Rodrigo Hilbert (acima), marido de Fernanda Lima, vestido como drag queen. "O Rodrigo é um homem cheio de atributos femininos… que ele cozinha todo mundo sabe, mas ele também passa, lava, cuida quase que integralmente das crianças nesse período em que estou gravando o Amor & Sexo e ainda faz tricô. Eu amo esse homem!", disse Fernanda.
Veja também
'Amor & Sexo' feminista mostra dificuldade de fazer merchan social
Contra o preconceito e a caretice, "Amor e Sexo" é um programa de utilidade pública
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.