No bom “Fábrica de Casamentos”, equipe de produção brilha mais que os noivos
Mauricio Stycer
05/03/2017 00h09
Organizar um casamento em sete dias não é uma situação natural. E esta é justamente a graça de "Fábrica de Casamentos", programa que o SBT estreou em sua faixa noturna dos sábados. Mais do que a felicidade dos noivos, ao espectador interessa ver a atribulada produção de uma festa feita às pressas, sem muito planejamento.
Os principais personagens da estreia foram a organizadora Elisa Tavares, o cozinheiro Hugo Grassi e o estilista Lucas Anderi. Também participaram a chef confeiteira Beca Milano, o maquiador Júnior Mendes e o cabeleireiro Robson Jassa. Provocados por Chris e Bertolazzi, eles precisam se virar — e suas reações à pressão dos apresentadores são muito divertidas para quem assiste.
Elisa se atrapalhou toda para produzir a cerimônia e acabou sendo, involuntariamente, a maior atração da "Fábrica de Casamentos". Não conseguiu cumprir um pedido de Bertolazzi (achar uma churrasqueira), bateu os pés na chuva num momento de irritação (vídeo abaixo) e ainda atrapalhou o trabalho do estilista, convencendo a noiva a usar um arranjo de flores diferente do programado.
A Elisa SURTOU com a parrilla!!! #FabricadeCasamentos pic.twitter.com/rbXupEOhGh
— SBT Online (@SBTonline) 5 de março de 2017
Lucas Anderi também mostrou talento para este tipo de programa. Ficou escandalizado quando a noiva pediu que o seu vestido tivesse uma fenda, para que ela dançasse um tango ao final da cerimônia. E teve a ideia ousada de levar uma tesoura para a festa e cortar o vestido na hora da dança.
Foi, enfim, uma boa estreia. E um alívio temático na grade de sábado à noite do SBT, que vinha emendando uma competição de gastronomia atrás da outra ("Cozinha Sob Pressão", "Bake Off Brasil", "BBQ Brasil).
A edição, aliás, lembra muito a dos realities de disputa culinária – a cada situação mais complexa, corta-se para o depoimento de algum dos protagonistas sobre a experiência vivida. É um modelo já mecânico de edição destes programas, que dá um ar de déjà vu ao espectador.
E existe, de fato, semelhança com o quadro "Felizes para Sempre", que o "Caldeirão do Huck" estreou no final de 2016. Mas o "Fábrica de Casamentos" me pareceu mais ambicioso e complexo.
Audiência: "Fábrica de Casamentos" marcou 6,9 pontos em São Paulo, estreando em terceiro lugar, atrás da Globo e da Record. No confronto com o "Programa da Sabrina", a nova atração do SBT perdeu com grande diferença: 9,5 pontos contra 6,8.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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