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Em Brasília, fim do sinal analógico derruba canais pagos e favorece Record

Mauricio Stycer

13/03/2017 11h15


Um primeiro estudo sobre o impacto do corte do sinal analógico da televisão mostra, como se esperava, uma queda no consumo de canais da TV por assinatura. Dados do Ibope obtidos pelo blog sobre a audiência em Brasília, onde a TV digital foi adotada em 18 de novembro de 2016, atestam esta afirmação.

Entre 29 de julho e 17 de novembro, período em que antecedeu o corte no Distrito Federal, a soma dos canais pagos (OCP) representava 23% dos aparelhos ligados entre 7h e 0h. Este índice caiu para 20,9% entre 18 de novembro e 8 de março de 2017. Na média das 24 horas, houve igualmente queda de 23,3% para 21,5%.

Inversamente, o corte do sinal analógico implicou em aumento do consumo de TV aberta em Brasília. Os números mostram que a média de aparelhos ligados, no horário das 7h à 0h, foi de 71,2% para 72,5%. E nas 24 horas, foi de 70,5% para 71,7%

O fenômeno está ligado à qualidade do sinal digital. Muita gente com TV analógica assinava pacotes básicos de TV paga para ter um sinal melhor das emissoras abertas. Por esta razão, qualquer balanço de audiência das TVs por assinatura sempre aponta Globo, Record e SBT entre os canais mais vistos. Com o digital, quem contratava TV paga apenas por causa da qualidade do sinal, não precisa mais fazê-lo.

Outra explicação diz respeito à situação econômica. O número de assinantes de TV paga no Brasil vem caindo nos últimos dois anos. De um pico de 19,7 milhões de assinantes, alcançado em novembro de 2014, hoje há 18,69 milhões.

A Record foi a emissora que mais se beneficiou com o corte do sinal analógico em Brasília. Na faixa das 7h à 0h, a emissora viu a sua participação nos ligados ir de 6% para 7,4% e nas 24 horas ir de 4,6% para 5,7%.

Já a Globo perdeu audiência com a mudança A emissora caiu de 18,4% para 16,8% na média do dia e de 14,6% para 13,4% nas 24 horas.

O SBT, por sua vez, não percebeu maiores mudanças em sua audiência. Foi de 6,9% para 6,8% entre 7h e 0h. E permaneceu com média de 5,6% nas 24 horas.

Apesar do crescimento da Record, a soma de todos os aparelhos ligados registrou queda depois do corte do sinal analógico. Na faixa das 7h à 0h, o total de ligados era de 46,5% antes do corte e foi para 45,3%. Já nas 24 horas, foi de 37,3% para 36,6%.

O corte do sinal analógico em São Paulo, o maior mercado do país, está marcado para o próximo dia 29 de março.

Imagem no alto: Agência Brasil

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.