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“É bom confrontar um pouco o público”, diz o diretor de “Carcereiros”

Mauricio Stycer

08/06/2017 05h01


Dizer que a série se passa dentro de uma prisão e que mistura ficção com documentário já ajuda o espectador a imaginar que não deve esperar diversão leve de "Carcereiros". "É bom confrontar um pouco o público. Não tem que agredi-lo, mas fazê-lo pensar, sair da zona de conforto", diz o diretor José Eduardo Belmonte.

O caótico sistema carcerário brasileiro não é o tema principal, mas está sempre ali, em todos os 12 episódios, como pano de fundo das histórias dramáticas protagonizadas pelo agente penitenciário Adriano (Rodrigo Lombardi).

Disponível a partir desta quinta-feira (08) para assinantes da Globo Play, esta co-produção da Globo com a Gullane Filmes só será exibida na TV aberta (e gratuita) em 2018. Ainda assim, uma segunda temporada já está encomendada, segundo a equipe envolvida no projeto.

Diretor dos filmes "Se Nada Mais Der Certo" e "Alemão", entre outros, Belmonte se sai muito bem na representação deste presídio prestes a explodir, intercalado por depoimentos de agentes penitenciários aposentados ou ainda na ativa sobre o ofício.

"O carcereiro é um personagem pouco explorado pela dramaturgia. Ele cumpre a pena junto com o presidiário", observa Marçal Aquino, um dos roteiristas da série, ao lado de Fernando Bonassi e Dennison Ramalho.

A inspiração para o trabalho é o livro "Carcereiros" (2012), no qual Drauzio Varella estende aos agentes penitenciários os relatos e reflexões que havia feito sobre os presos em "Estação Carandiru" (1999).

Uma das dificuldades da série é o fato de o sistema prisional ter mudado muito nos últimos anos – e os carcereiros terem perdido protagonismo. "Queremos mostrar essa transição, da cadeia na mão do Estado para o PCC", observa Bonassi. Nos depoimentos colhidos de forma documental, os agentes penitenciários contam histórias que não seriam possíveis de ocorrer nos dias de hoje, o que cria um ruído na série.

No papel que estava destinado a Domingos Montagner (1962-2016), Rodrigo Lombardi é uma das grandes apostas da série. "Rodrigo muda de patamar dramático aqui. Deixa de ser só aquele galã da TV", diz Aquino.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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