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Sem detalhes, saída de Evaristo Costa parece um “tapa na cara” da Globo

Mauricio Stycer

27/07/2017 14h14

Em um mercado tão competitivo e disputado quanto o de apresentadores de telejornais da Globo, a decisão de Evaristo Costa de deixar a bancada do "Jornal Hoje" é desconcertante.

O jornalista está abrindo mão de uma das posições mais cobiçadas no mercado. Trata-se de um dos quatro telejornais nacionais da emissora e o segundo principal em matéria de audiência.

A última mudança de impacto nestes programas havia ocorrido em outubro de 2015, quando Christiane Pelajo deixou o "Jornal da Globo". Na ocasião, a emissora tornou pública a versão de que ela estava saindo a pedido. Pouca gente acreditou. Situação parecida ocorreu quando Patrícia Poeta deixou o "Jornal Nacional" em 2014.

Evaristo escreveu um roteiro diferente ao, de fato, tomar a iniciativa de sair. Sinal evidente disso são as maldades que começaram a circular sobre o suposto descontentamento interno com o seu trabalho.

Ao alegar "motivos pessoais" e não dar muitas pistas sobre as suas motivações, Evaristo abre espaço para estas e outras especulações. É um preço a pagar, um risco que, aparentemente, ele sabe que está correndo. "Fiz tudo certinho até aqui", disse.

Chama muito a atenção no "vídeo de despedida" que postou nas redes sociais a ênfase que deu aos seus milhões de fãs e seguidores (veja abaixo). "Estes não vão se ver livres de mim tão cedo", diz. É um recado claro de que tem noção a respeito do patrimônio que construiu – e não pretende abrir mão.

A palavra "Globo" não é mencionada no vídeo. Evaristo diz apenas: "São muitos anos fazendo a mesma coisa", justificando a necessidade de "descansar". Parece um "tapa na cara" da emissora.

A despedida no ar

Apresentando o "Hoje" pela última vez nesta quinta-feira (27), Evaristo se despediu de sua colega de bancada, Sandra Annemberg e do público. "Eu também me despeço do jornal hoje e de todos vocês. Esta foi minha última apresentação de tantas ao longo dos meus 14 anos aqui com vocês. Muito obrigado pelo carinho nesse tempo todo, e até breve. Obrigado também, Sandra, pela parceria".

Sandra, por sua vez, também agradeceu o colega. "Obrigada eu por esses 14 anos nessa bancada, e eu te desejo todo o sucesso e toda a felicidade do mundo na nova caminhada". "Muito obrigado, valeu", respondeu Evaristo, bem-humorado, antes de emendar um "tem que encerrar ainda, né?"

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

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