Fantasia infantil, “Belaventura” indica novo rumo nas novelas da Record
Mauricio Stycer
08/08/2017 05h01
No ar há duas semanas, "Belaventura" chama a atenção por apontar uma mudança de rumo na teledramaturgia da Record. Sem qualquer relação com a realidade brasileira, ou com os enredos inspirados na Bíblia, é uma história ambientada num reino medieval, com forte pegada infantil.
Uma prima do rei, no exílio, ambiciona voltar a ser a rainha da corte. Seu filho mais velho trama resgatar a honra da família, enquanto sua filha, para desgosto geral, apaixona-se por um plebeu.
Como outras novelas recentes da Record, "Belaventura" é uma produção de boa qualidade – condição essencial para sustentar uma história destas sem cair no ridículo. O texto, muito declamado, reforça o tom de fantasia, o que parece ser intencional. A direção de Ivan Zettel, igualmente, sustenta bem este esforço para transportar o espectador ao reino de Belaventura.
O elenco é enorme e, aparentemente, boa parte dele está tendo oportunidade de aparecer. A aposta maior da Record é no casal de protagonistas, os pouco experientes Bernardo Velasco e Rayanne Morais (imagem no alto), que estão se saindo bem como o príncipe rebelde Enrico e a borralheira Pietra.
"Belaventura", enfim, tem se revelado um entretenimento agradável e bem realizado, de olho em um espectador interessado em escapismo completo, sem qualquer relação com o seu cotidiano. Os números de audiência, porém, estão bem abaixo dos alcançados pela novela anterior, a reprise de "Escrava Isaura".
A Record perdeu quase 30% do público entre uma produção e outra, mas não é possível afirmar que a culpa seja de "Belaventura". Ou só dela. Toda a grade noturna da emissora está sofrendo perda de Ibope por conta da decisão de encurtar o "Cidade Alerta" e reprisar "Os Dez Mandamentos" no início da noite.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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