Programação religiosa ocupa 21% da grade da TV aberta no Brasil, vê Ancine
Mauricio Stycer
25/08/2017 11h23
Um estudo da Ancine (Agência Nacional de Cinema), divulgado esta semana, constata o domínio da programação de cunho religioso na grade das principais emissoras de TV aberta no Brasil.
O estudo abrange o conteúdo veiculado em 2016 por Band, CNT, Globo, Record, RedeTV!, SBT, TV Brasil, TV Cultura e TV Gazeta, em São Paulo. São as chamadas "cabeças-de-rede nacionais", cuja programação chega a vários estados do Brasil.
O relatório (veja a íntegra aqui) observa: "Verifica-se expressivo crescimento desse tipo de obra pelo menos desde 2012, volume que ultrapassa os demais gêneros de obras em 2013, atinge e ultrapassa a marca de um quinto de todo o conteúdo programado em 2014 e 2015, respectivamente".
O quadro acima dá uma ideia do domínio deste tipo de programação – responsável por 21% do tempo total na grade. Seguem os gêneros telejornal (15%), séries (12%), variedades (7%) e televendas (6%).
O espaço ocupado poderia ser ainda maior, diz o estudo, se fossem levados em conta emissoras de alcance regional. "Há que observar que o volume de participação de conteúdo religioso na TV aberta seria, consideravelmente, maior, não fossem restrições impostas pelos limites da opção metodológica do trabalho. Recorde-se que está restrita às citadas cabeça-de-rede nacionais, não abarcando em seu escopo, portanto, outros tantos canais, nos quais predominam obras ou programas de conteúdo similar, emissoras que até poderão,futuramente, vir a ser incluídas no monitoramento".
Abaixo o percentual de programação religiosa exibido por cada emissora em 2016, segundo o levantamento da Ancine. Chama a atenção o fato de que o gênero é hoje responsável por quase metade da programação da RedeTV! e mais de um quinto da Record:
CNT – 89.6%
RedeTV! – 43,72%
Record – 22,89%
Band – 16,24%
Gazeta – 15.65%
TV Brasil – 1,51%
Globo – 0,62%
Cultura – 0,59%
SBT – 0
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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