Ampliando os seus alvos, “Zorra” ri de João Doria, o “prefeito disfarçado”
Mauricio Stycer
08/10/2017 13h55
Já escrevi algumas vezes sobre como o "Zorra", humorístico da Globo, tem buscado inspiração na crise política brasileira para fazer piada. Apenas ensaiado em 2015, quando o programa foi reformulado, o humor político entrou com os dois pés na temporada 2016 e segue forte este ano.
O programa tem sido "democrático" em seus alvos. Já fez piadas com Lula, Dilma, os deputados que votaram pelo impeachment, Eduardo Cunha, Temer, os ministros mais próximos do atual presidente, para não falar de parlamentares, de todos os partidos, sem vergonha nenhuma na cara…
O foco do "Zorra" tem sido, de um modo geral, a política nacional. No início deste ano, porém, o programa dedicou um esquete a um governador preso – pareceu uma referência a Sergio Cabral, ex-governador do Rio.
E neste sábado (7), o humorístico dedicou quatro esquetes a um "prefeito disfarçado" – uma menção explícita a João Doria, prefeito de São Paulo, que tem dado indicações que pretende disputar a presidência em 2018.
O prefeito do "Zorra" se disfarça de gari, de cirurgião e de amante de um homem casado (para fiscalizar os motéis da cidade, explica), até que, no desfecho, chega para trabalhar na prefeitura, mas não é reconhecido pelos assessores do gabinete.
"Eu sou o prefeito", ele diz para os assessores. "Nosso grande prefeito jamais estaria aqui a esta hora da manhã. Ele, com certeza, está por aí, fantasiado de trabalhador, fiscalizando a cidade", responde um deles. A piada se encerra com um dos assessores dizendo para o outro: "Imagina se o prefeito vai estar na prefeitura!".
A piada do "Zorra" coincidiu com a divulgação, neste domingo, de uma pesquisa do Datafolha que mostra uma queda na avaliação de Doria pelos paulistanos.
UOL VêTV: Do humor popularesco ao Emmy, veja a trajetória do Zorra
Veja também
"Zorra" volta com ótima reflexão sobre o papel do humor em tempos de crise
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.