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O que se sabe e o que falta esclarecer no caso do vídeo de William Waack

Mauricio Stycer

09/11/2017 16h40


Três são os principais mistérios relacionados ao vídeo que causou o afastamento de William Waack do comando do "Jornal da Globo": 1. Quem gravou? 2. Quem vazou? 3. Por que este vídeo só apareceu um ano depois de gravado? Algumas informações disponíveis podem ajudar a solucionar, ao menos em parte, estes mistérios.

O jornalista Daniel Castro divulgou dois detalhes importantes : 1. As imagens foram captadas pela mesma câmera que transmitiu, minutos depois, no "Jornal da Globo", Waack e Paulo Sotero falando da eleição americana. 2. O áudio não é do microfone de nenhum dos dois, mas do sistema de intercomunicação entre São Paulo e Washington.

Por que São Paulo? Porque o "Jornal da Globo" é gerado nesta cidade.

Quem ouviu a conversa informal entre Waack e Sotero? O operador da câmera, em Washington, e todo mundo que estava na sala, na Globo, em São Paulo, onde fica o "switcher", o equipamento usado para edição de áudio e vídeo.

Muita gente deveria estar na sala naquele momento, entre os quais, o editor-chefe ou o editor-executivo do "JG", o operador de áudio e o responsável pelo TP (teleprompter). Segundo relato de um jornalista experiente, o entra e sai numa sala dessas é grande. A porta não fica fechada.

Conversas informais antes do início de uma transmissão ao vivo são gravadas, mas não ficam guardadas. São descartadas imediatamente pela edição. Ou seja, tudo leva a crer que alguém que estava no "switcher" ouviu a conversa informal entre Waack e Sotero e a copiou na hora.

Como várias pessoas ouviram a conversa, cabe perguntar, também, se o teor dos comentários de Waack não chegou ao conhecimento, na época, da direção da emissora.

Atualizado às 18h: João Guimarães, do site da Jovem Pan, informou que os responsáveis pela gravação e divulgação do vídeo são o operador de VT Diego Rocha Pereira e o designer gráfico Robson Cordeiro Ramos. Ex-funcionário da Globo, Pereira estava no "switcher" no momento em que ocorreu a conversa de Waack com Sotero. "Eu ainda voltei as imagens para ter certeza, não estava acreditando que ele teria falado aquilo. Fiquei tão revoltado que filmei com meu celular", afirmou ao site. Já a divulgação foi feita por Ramos: "Soltei o vídeo em um grupo de líderes do movimento negro". Veja mais aqui.

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Veja o vídeo que causou o afastamento de Waack:


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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.