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“Quem planta humor colhe amor”, diz Bial em entrevista-homenagem a Jô

Mauricio Stycer

25/11/2017 01h57


Longe da TV desde 16 de dezembro do ano passado, quando apresentou pela última vez o seu talk show, Jô Soares foi o convidado desta noite (24) do "Conversa com Bial", justamente o programa que substituiu o seu. O pretexto para a entrevista foi o lançamento de sua biografia, mas a volta ao vídeo teve vários outros significados.

Bial e Jô trocaram muitos elogios, ambos se emocionaram em diferentes momentos e conversaram animadamente, como bons amigos. "Quanto mais ele nos dá, mais ele tem pra dar", anunciou Bial, no início. Recebido de pé pela plateia, o convidado mal se ajeitou no sofá, observou: "Gostoso esse lugar". Ao final, o apresentador disse: "Quem planta humor colher amor. A gente te ama, Jô."

"O Livro De Jô – Uma Autobiografia Desautorizada – Vol. 1", escrita com Matinas Suzuki Jr. (Companhia das Letras), foi o tema principal da entrevista. Generoso, Bial levantou a bola para Jô contar inúmeras histórias narradas no livro, que abrange os seus primeiros 30 anos de vida.

Falou muito da mãe, conhecida como Mêcha, "uma mulher muito avançada", e também se comoveu ao falar do pai, um empresário bem-sucedido, que quebrou e deixou a família em dificuldades.

Jô contou que, durante a ditadura, nos anos 1960, teve sua casa pichada pelo Comando de Caça aos Comunistas. Também foi preso uma vez e levado ao Dops. E escondeu em sua casa, por alguns meses, o físico Mario Schenberg, ligado ao PCB. Uma filha de Schenberg estava na plateia e emocionou Jô ao ler uma carta em que o pai relatou esta experiência.

Um momento especial ocorreu ao falar do filho, Rafael (1963-2014), que era autista. Jô se exaltou ao refutar a acusação de que o "escondia". "Jamais escondi meu filho!". Descreveu a sua relação com o filho e a forma corajosa como enfrentou um câncer.

Bial não fez nenhuma pergunta mais difícil a Jô e deixou o convidado falar à vontade, raramente o interrompendo. Foi, de fato, uma "entrevista-homenagem", um tributo – merecido – ao ex-apresentador.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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