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Globo, Record e SBT criam confusão com números “milionários” de alcance

Mauricio Stycer

05/12/2017 15h55


Primeiro foi a Globo, que no final de outubro lançou uma campanha afirmando falar com "100 milhões de uns". Duas semanas depois, em novembro, a Record disse se comunicar com "50 milhões de outros". Agora, neste início de dezembro, Eliana, do SBT, diz que "67 milhões de corações" estão se emocionando com ela.

O que estes números querem dizer? Muitos espectadores, com razão, estão confusos, já que as emissoras dão poucas informações sobre o que significam as cifras. Vou tentar explicar.

Todos estes números são extraídos de relatórios do Ibope. A Globo informou que de janeiro a setembro deste ano teve um alcance médio diário de 98 milhões de pessoas. Já a Record se refere ao seu alcance médio diário entre 1º e 26 de outubro deste ano. O SBT, por sua vez, informa que está falando do seu alcance médio diário de 1º a 30 de outubro.

O Ibope mede a audiência em 15 grandes centros urbanos. Entre os números que o instituto oferece aos seus clientes, estão as médias e os picos alcançados por cada programa, assim como a média diária de cada emissora. Outro dado, menos citado, é justamente este que está sendo usado nas três campanhas, o "alcance". Ele expressa o número de espectadores que assistiu ao canal ao menos um minuto nas 24 horas do dia.

Os três números na casa dos milhões, divulgados por Globo, Record e SBT, não podem ser somados. Um mesmo espectador pode ter assistido algo nas três emissoras num mesmo dia.

Questionado pelo blog sobre o uso que estão fazendo de seus dados, o Ibope diz que não divulga dados de emissoras individualmente.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.