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Praça É Nossa se arrisca na política, mas evita o poder e ri de militantes

Mauricio Stycer

08/12/2017 17h00


Com algum atraso, "A Praça É Nossa" estreou nesta quinta-feira (07) um novo quadro inspirado no clima de confusão política do país. Mas, diferentemente do "Zorra", da Globo, que tem mirado em quem está no poder, o programa do SBT escolheu como alvo os militantes políticos.

Jairo (Tuca Graça) e Rosário (Bibi Graça) representam dois extremos. Ele é chamado por ela de "coxinha" e ela ganha a alcunha de "comunista". Como é comum na "Praça", as representações são bem caricatas – e a claque ao fundo ri de todas as piadas.

Na estreia, os dois entraram em conflito por conta de um assunto já antigo, a discussão sobre limites da arte causada por uma performance de um homem nu no MAM-SP.

"Quem está acabando com esse país são pessoas retrógradas como ele aqui. Pensa pra trás. Vai acabar levando todo mundo pra Idade Média", diz Rosário, em resposta às acusações de Jairo que "pessoas como ela estão acabando com a nossa moral, com os nossos bons costumes, com depravações e subversões".

Carlos Alberto de Nóbrega tenta conciliar os extremos e diz: "Eu sou de paz e amor". O que leva o "coxinha" a gritar: "Ah, paz e amor… Velho maconheiro! Seu subversivo! Vai pra Cuba!". Ao que a "comunista" o defende: " Deixa o velho puxar o fuminho dele".

"Por que vocês estão discutindo?", questiona o dono da Praça. "Porque esse fascista aqui é contra as artes", responde Rosário. "Arte? Desde quando safadeza é arte? Se fosse assim, os políticos brasileiros seriam grandes artistas, que de safadeza eles entendem", diz Jairo."E aonde que um corpo nu é safadeza? Isso aqui é obra natural, é obra divina", responde ela, ameaçando ficar nua, mas sendo impedida por Carlos Alberto.

"Fascista", acusa Rosário, por se considerar censurada. "Eu sou a favor das artes. Sou artista", responde Carlos Alberto. "Aposta que ganha dinheiro com a Lei Rouanet! Velho vagabundo, sustentado pela Lei Rouanet", grita Jairo.

Ao final, o comandante do programa tenta conciliá-los mais uma vez. "Gente, cada um tem as suas maneiras de pensar. Todos vocês, da esquerda e da direita, têm coisas boas e coisas ruins…". Sem sucesso. O comentário provoca revolta em ambos. "Direita e esquerda… E o povo? Leva no centro!", conclui Carlos Alberto.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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