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Propaganda religiosa fica mais explícita em trama bíblica nos dias atuais

Mauricio Stycer

11/12/2017 10h45

No ar há três semanas, "Apocalipse" ainda não empolgou. A novela chega nesta segunda-feira (11) ao 15º capítulo ostentando média em torno de 10 pontos no Ibope em São Paulo, mas com curva descendente.

Os números são semelhantes aos registrados pela trama bíblica anterior da Record, "O Rico e Lázaro", cuja trajetória foi das mais atribuladas em matéria de audiência.

Lançada em 13 de março deste ano, "O Rico e Lázaro" perdeu 20% de seu público no final daquele mês, quando a emissora (associada ao SBT e à RedeTV! na Simba) deixou de figurar no cardápio das principais operadoras de TV paga. Aos poucos, recuperou parte da perda, até que, em 24 de julho, a emissora fez uma reforma na grade, encurtando o "Cidade Alerta" e reprisando "Os Dez Mandamentos". Voltou a cair.

O retorno da emissora ao cardápio das operadoras de TV paga em setembro já não teve maior efeito. A novela de Paula Richard foi até o fim, em novembro, oscilando entre 9 e 10 pontos.

"Apocalipse" estreou, assim, com a responsabilidade de resgatar os bons números das novelas anteriores ("Os Dez Mandamentos" e "Terra Prometida") e mesmo das séries bíblicas, que deram início a este projeto da Record, em 2010.

A principal novidade da novela de Vivian de Oliveira é o fato de a trama ser ambientada nos dias atuais. Do ponto de vista estético, é uma facilidade – adeus a personagens com nomes impronunciáveis, menos perucas e barbas postiças, fim de cenários babilônicos.

Mas, ao apostar numa história contemporânea, o entretenimento que as produções anteriores ofereciam fica em segundo plano diante das mensagens religiosas. O teor é basicamente o mesmo, mas o que em "Os Dez Mandamentos" parecia estar dentro de um contexto, em "Apocalipse" soa apenas como propaganda e arma em uma guerra religiosa.

A cena acima, exibida no capítulo de sexta-feira (08), deixa isto bem claro. O papel da fé como motor do sucesso e a ilusão oferecida por "falsos profetas", entre outras ideias básicas que embasam todas estas produções, ganha outra conotação em "Apocalipse".

Não parece cena de novela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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