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Top 10: Fiuk, Gugu, Eliana e outros sete erros marcantes da TV em 2017

Mauricio Stycer

18/12/2017 05h01

Dando início aos festejos de fim de ano do blog, publico a primeira retrospectiva dedicada à programação de TV em 2017, falando dos piores do ano e dos maiores erros cometidos. Como de hábito, esta é uma lista muito pessoal, sem a pretensão de encerrar o assunto. Convido os leitores a comentarem, criticarem e apresentarem outras sugestões.

1. Sem jeito como ator, Fiuk destoa do elenco de A Força do Querer

Premiado por Glória Perez com um papel importante em "A Força do Querer", Fiuk não apenas decepcionou como virou piada. Com gestos exagerados e caretas, dificuldades em modular a voz (gritava muito), o ator demonstrou falta de repertório nas cenas dramáticas em que contracenou com atores mais experientes e bem equipados. Foi o "Cigano Fiuk".

2. Eliana imagina morte de Silvio Santos para mostrar a reação da filha

Depois da licença-maternidade, Eliana voltou ao SBT com uma novidade de peso: o quadro "Com o passar dos anos". A atração tem tido muita repercussão e boa audiência, mas é de profundo mau gosto. Em uma edição, Silvia Abravanel "envelheceu" 20 anos e foi convidada pela apresentadora a imaginar a morte de Silvio Santos.

3. Em "Apocalipse", propaganda religiosa da Record fica mais explícita

Primeira novela bíblica da Record ambientada nos dias atuais, "Apocalipse" está enfrentando rejeição de parte do público. Ao apostar numa história contemporânea, o entretenimento que as produções anteriores ofereciam ficou em segundo plano diante das mensagens religiosas. O teor é basicamente o mesmo, mas o que em "Os Dez Mandamentos" parecia estar dentro de um contexto, em "Apocalipse" soa apenas como propaganda e arma em uma guerra religiosa.

4. O surreal Carnaval da RedeTV! superou todos os limites em 2017

Sem fazer muito esforço, a RedeTV! continua a apresentar a cobertura de Carnaval mais absurda e, eventualmente, divertida da televisão brasileira. Com sua equipe de repórteres desinibidos, apresentadores desbocados, câmeras tarados e gente disposta a fazer qualquer coisa para aparecer na televisão, "Bastidores do Carnaval" é um ótimo remédio contra o tédio. Mas, mesmo para os padrões da emissora, a cobertura de 2017 exagerou. E Ju Isen, pintada de verde, está aí para nos lembrar disso.

5. Band exagera e deixa "MasterChef" no ar durante 75% do ano


A Band exibiu o "MasterChef" ao longo de 39 semanas em 2017 – fora os especiais. Isso significa dizer que o programa esteve na grade da emissora ao longo de 75% do ano. A audiência, como se pode imaginar, apontou para baixo.

6. "Vídeo Show" insiste que Sophia Abrahão pode ser apresentadora

Apesar da insistência da Globo, Sophia Abrahão não dá o menor sinal de que está conseguindo se dar bem na tarefa de apresentar o "Video Show". Tensa, sem jogo de cintura, reproduz mecanicamente o texto que aparece no teleprompter. Por que a emissora está insistindo nesta aposta? Por acreditar que os milhões de fãs da atriz nas redes sociais vão agregar audiência ao programa.

7. Sem assunto, Gugu exibiu um especial sobre o filho de Sidney Magal

Gugu Liberato teve um ano para esquecer na Record. Sem assunto, desconfortável no ar e passando a impressão de que estava no piloto-automático, o apresentador empurrou o seu programa com a barriga. Um bom exemplo do desastre foi a noite quase inteiramente dedicada ao fotógrafo Rodrigo West, apresentado como "o filho gato de Sidney Magal".

8. Promoção de Otavio Mesquita dura pouco e volta para a madrugada

Em março, Otavio Mesquita ganhou, finalmente, um prêmio do SBT – uma atração aos sábados, às 18h15, e com o seu nome no título. Uma promoção em relação ao "Okay Pessoal", que ficou dois anos escondido nas madrugadas da emissora. O problema é que o novo programa demonstrou a mesma falta de criatividade que o anterior – e Mesquita voltou para a madrugada.

9. "Os Dias Eram Assim" foi o programa mais baixo astral do ano

Novela ou "supersérie", como a Globo preferiu chamar, "Os Dias Eram Assim" foi uma decepção. A trama de Angela Chaves e Alessandra Poggi apostou no convencional, com um melodrama baixo astral, e foi muito pouco feliz ao tentar retratar os anos da ditadura militar no Brasil.

10. Didático ao extremo, "Amor & Sexo" se assumiu como "telecurso"


No ar desde 2009, "Amor & Sexo" sempre teve um pé ancorado no didatismo. Mas frequentemente conseguiu ser um programa muito lúdico e divertido. Na temporada 2017, a atração fez, em alguns episódios, uma opção radical – a de dar lições sérias sobre temas essenciais. Virou um "telecurso", chato.


Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.