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Desfile recheado de críticas à política constrange narradores da Globo

Mauricio Stycer

12/02/2018 03h19


A Paraíso da Tuiuti passou pelo Sambódromo, neste domingo (11), com um desfile de forte crítica social e política. O tema principal, expresso no título do samba, "Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?", era a ideia de que a exploração dos escravos prossegue, de outras formas, nos dias atuais.

Na parte final do desfile, um carro trazia, no alto, um homem com a faixa presidencial, intitulado "vampiro neoliberalista" – uma alusão crítica ao presidente Michel Temer. Uma ala, chamada "Manifestoches", com passistas fantasiados de patos, sugeria que manifestantes foram fantoches em protestos políticos. Outra ala lembrava do trabalho informal, numa referência explícita à reforma trabalhista.

Do camarote da Globo, onde narravam o desfile, Fátima Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha reagiram com comedimento ao surpreendente protesto, como se estivessem constrangidos. "As desigualdades vem vindo até os dias de hoje", disse Fátima. "Muitas confecções usam trabalho escravo", observou. "Os manifestoches", leu ela, ao ver passar a ala com os patos, sem dizer mais nada. "Manipulados", acrescentou Milton.

O constrangimento se repetiu diante da crítica ao presidente. "O vampirão", disse Milton. Alex Escobar apenas riu. E Fátima observou: "É o regime de exploração nos mais diversos níveis". Um pouco depois, Escobar disse o que todos viam: "Tá com a faixa de presidente esse vampiro". E Fátima idem: "Vampiro neoliberalista".

Encerrado o desfile, o camarote da Globo recebeu vários participantes do desfile da Tuiuti – mas nem o vampiro, nem os "manifestoches" foram assunto das entrevistas.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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