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Sem função na TV, “Vídeo Show” poderia virar websérie ou terminar

Mauricio Stycer

15/06/2018 07h01


Gosto de analisar e comentar programas de televisão, mas não sou muito de dar palpites sobre programação – não tenho conhecimento suficiente para isso. O futuro do "Vídeo Show", porém, me anima a abrir uma exceção. Lendo que a atração vai passar por mais uma grande reformulação, me animo a dizer duas ou três coisas a respeito.

No ar desde 1983, o "Vídeo Show" dedica-se a promover a própria programação da Globo, seus artistas e apresentadores. Nestes 35 anos, já passou por diferentes fases e propostas, algumas mais ambiciosas, outras mais bem-humoradas e menos reverenciais. Hoje, infelizmente, é basicamente uma ferramenta de marketing.

Diante de um público cada vez mais difuso e disperso me parece que o programa cumpre uma função que está se tornando desnecessária nos moldes em que é apresentado.

De que adianta recapitular o capítulo da novela exibido na véspera? Digamos que você perdeu o episódio de "Onde Nascem os Fortes" de segunda-feira e quer saber o que aconteceu. Você vai esperar até o início da tarde de terça-feira para se informar pelo "Vídeo Show"?

Mostrar os bastidores das produções é um filão ainda atraente, desde que saia do terreno da mera publicidade. Nos dias de hoje, o espectador espera por algo, de fato, inesperado, inédito, nestas reportagens que contam o que aconteceu atrás das câmeras. Muitas vezes, estas novidades são encontradas no Instagram, nos perfis de atores, e não nos "publieditoriais" que o "Vídeo Show" tem exibido.

Acho complicado o programa investir no noticiário de celebridades, com um pé na fofoca, sobre os seus artistas. Seria um tiro no próprio pé. Mas o sucesso que faz o quadro "Hora da Venenosa", exibido no mesmo horário na Record, dá uma pista sobre o interesse de parte do público. Registre-se que há pouco mais de um ano a Globo terminou com o site que fazia isso, o Ego, e não ofereceu nada atraente em troca.

O futuro (ou o presente) do "Vídeo Show" está na internet. O programa deveria investir mais no campo digital, com mais notícias sobre bastidores de suas produções, "recaps" caprichados (os resumos de episódios de novelas e séries já exibidos) e, talvez, um pouco deste noticiário de celebridades feito de forma original.

Na internet, como se sabe, não há horário e o espectador vê na hora em que bem entender.

Outra opção, mais radical, é simplesmente acabar com o "Vídeo Show". Pelo andar da carruagem, é uma decisão que não deixará muita gente órfã.

Precisamos falar sobre a aposta da Globo em Sophia Abrahão (UOL Vê TV, 13/09/2017)

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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