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Nem Catarina, nem Amália, a rainha de “Deus Salve o Rei” foi Selena

Mauricio Stycer

30/07/2018 05h02


Foi preciso esperar até o capítulo 173, o penúltimo de "Deus Salve o Rei", para descobrir que a única jovem com sangue real na novela é Selena (Marina Moschen). Nem Catarina (Bruna Marquezine), nem Amália (Marina Ruy Barbosa) chegam aos pés da chefe da guarda real de Montemor em matéria de nobreza.

No capítulo de sexta-feira (27), soubemos que Selena é filha de Otavio (Alexandre Borges), rei da Lastrilha. Ela foi escondida do pai ainda criança, após sua mãe, uma bruxa, começar a ser perseguida pela inquisição a mando do próprio Otavio.

Já Catarina, descobrimos no capítulo de sábado (28), é filha de Brice (Bia Arantes) com Martinho (Giulio Lopes). O artesão, casado com Constância (Débora Olivieri) e pai de Amália, teve um caso com a bruxa. Ou seja, as duas arquirrivais não apenas são plebeias como irmãs, filhas do mesmo pai.

Mas não foi apenas por conta da genealogia que Selena brilhou mais que Catarina e Amália em "Deus Salve o Rei". A história da personagem vivida por Marina Moschen foi muito mais interessante e rica que a mocinha e a vilã, que passaram a novela inteira envolvidas em joguinhos infantis de poder.

Desde o início, Selena encarnou o ideal feminista. Contrariando o que se esperava dela, trabalhar na cozinha do castelo real, a jovem buscou espaço entre os rapazes que faziam treinamento militar. Foi a primeira mulher do reino a ser aceita no exército de Montemor.

Decidida, também foi senhora do seu coração. Ao longo da novela teve três amores, Ulisses (Giovanni Di Lorenzo), Saulo (João Vithor Oliveira) e Tiago (Vinicius Redd) e, no fim, escolheu ficar com o jovem cozinheiro.

Mais importante, Selena convivia com o segredo de ser bruxa. Ela usava os seus poderes para o bem, mas precisava esconder isso de todos sob o risco de ser levada para a fogueira. Esta sua história ajudou a falar sobre a dificuldade que as pessoas têm diante dos que são diferentes.

É verdade que Selena ficou em segundo plano o tempo todo, enquanto Amália e Catarina disputavam a atenção do público. Uma pena.

Marina Moschen tem 21 anos, um a menos que Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa. Tem "apenas" 2,4 milhões de seguidores no Instagram, uma ninharia perto dos 30 milhões da primeira e dos 26 milhões da segunda.

Diferentemente das duas, não foi atriz infantil – começou em 2015, com um pequeno papel da primeira fase de "Os Dez Mandamentos", na Record, e no mesmo ano foi Luciana, protagonista de "Malhação, Seu Lugar no Mundo", na Globo. Em 2016, saiu-se muito bem como a patricinha Yasmin, irmã de Leo Regis (Rafael Vitti) em "Rock Story".

Em resumo, com Selena, Marina Moschen foi a verdadeira rainha de Deus Salve o Rei".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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