Topo

Debate com oito candidatos não esclarece nada, mas gera momentos de comédia

Mauricio Stycer

10/08/2018 01h26


Tão desgastada quanto a imagem dos políticos brasileiros é este formato de debates eleitorais, que acontece a cada dois anos. Como manda a tradição, o primeiro de 2018 foi promovido nesta quinta-feira (09) pela Band. No total, estão previstos nove debates organizados por veículos de comunicação no primeiro turno.

O primeiro problema é o número de participantes. Os organizadores dos debates são obrigados a convidar todos os candidatos cujos partidos ou coligações têm ao menos cinco parlamentares entre os 513 deputados federais e 81 senadores. Neste momento, nove das 13 candidaturas oficialmente apresentadas atendem a esse requisito. Com a ausência de Lula, do PT, foram oito os participantes do debate da Band.

Mesmo com duração de três horas, o formato engessado dá pouco espaço para conhecer as ideias dos candidatos. O mediador, Ricardo Boechat, não tem o poder de impedir que um participante fuja das perguntas feitas e discorra sobre o assunto que bem entender. E é isso que os participantes fazem, na maioria das situações.

As regras também não evitam que candidatos levantem a bola, com perguntas fáceis, ou combinadas, para rivais com os quais têm afinidade – as famosas "tabelinhas". Ou que um candidato seja objeto de mais perguntas do que outros.

A única coisa que salva debates deste tipo do tédio é a disposição de algum candidato menos conhecido de aparecer a qualquer custo. No debate da Band, este papel coube ao cabo Daciolo (Patriota). Seus comentários, involuntariamente cômicos, o levaram ao topo dos assuntos mais comentados no Twitter.

Ainda assim, a performance de Daciolo não compensou o sacrifício de ficar diante da TV das 22h à 1h da manhã ouvindo propostas vazias ou decoradas e pouquíssimo debate de ideias.


Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.