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Candidatos sem tempo transformam o horário eleitoral num Twitter

Mauricio Stycer

01/09/2018 13h49

Fragmento da propaganda eleitoral apresentada por Alckmin no primeiro dia da campanha

A campanha presidencial na televisão, iniciada neste sábado (01), divide os candidatos em dois tipos – os com tempo e os sem tempo. Dos 12 minutos e trinta segundos disponíveis, três candidatos têm direito nove minutos e 50 segundos (78% do tempo).

Alckmin (com 44% do total), Lula/Haddad (19%) e Meirelles (15%) são os "donos" do horário eleitoral. Os demais dez candidatos dividem entre si o tempo restante, cerca de dois minutos e 30 – a distribuição vai de 5 a 40 segundos para cada um.

O grande desafio destes candidatos sem tempo é lançar alguma isca para o eleitor – uma frase de efeito, uma ideia de impacto, qualquer coisa que leve o eleitor a buscar mais informações fora da televisão. Não é fácil.

Como se estivessem na versão original do Twitter, que permitia ao usuário escrever mensagens com 140 caracteres no máximo, vários candidatos buscaram chamar a atenção mandando torpedos. "Eu quero falar com você, mulher", disse Marina. "Deus está no controle", avisou Daciolo. "Tenho pouco tempo de TV, mas muitas ideias para mudar o Brasil", prometeu Ciro. "Eu escolhi andar do lado certo", sugeriu Álvaro Dias. "Vamos caminhar juntos em defesa da família e da nossa pátria", anunciou Bolsonaro. Boulos optou por nem falar, mas teve seu nome apresentado pelo ator Wagner Moura.

Vai colar? Só o tempo e as próximas pesquisas dirão. Mas parece uma luta desigual.

Alckmin teve tempo para se apresentar ("médico e ex-governador"), combater Bolsonaro ("Decidi que não vou votar com raiva" e "Não é na bala que se resolve") e criticar Dilma e Temer ("não olhar pra trás, não dá pra errar de novo"), além de contar vantagem sobre o seu trabalho em São Paulo.

Meirelles se apresentou como "aquele cara que chamam para resolver problemas". Mostrou imagens dos ex-chefes (Lula, Dilma e Temer) e prometeu que desta vez só atenderá o pedido do eleitor.

Já Lula/Haddad, ainda no limbo judicial, saiu pela tangente e procurou apresentar o problema jurídico que o ex-presidente enfrenta. Foi, por motivos óbvios, a propaganda mais confusa e difícil de entender.

Veja abaixo a íntegra do primeiro programa eleitoral na TV dos candidatos à Presidência:

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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