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Globo exibe comercial com elenco do SBT; há 30 anos, prática era vetada

Mauricio Stycer

03/09/2018 22h32

Celso Portiolli, Ratinho, Danilo Gentili, Milene Pavorô e Eliana surgiram nesta segunda-feira (03) em um intervalo comercial do "Jornal Nacional". As estrelas do SBT participam de uma campanha publicitária de uma rede varejista catarinense com lojas espalhadas pelo país.

Ainda que conte com outros participantes, como o youtuber Whindersson Nunes e o jogador de futsal Falcão, a peça de propaganda chama a atenção por explorar tantos astros do SBT. Os cinco aparecem em sequência repetindo uma declaração de amor à rede de lojas.

Trinta anos atrás, uma publicidade como esta não poderia ser exibida na Globo. Foi uma decisão do então principal executivo da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, em resposta à ida de Jô Soares para o SBT, no final de 1987.

Coube ao próprio Jô tornar pública a situação durante a entrega do Troféu Imprensa em 1988. Ele acusou a Globo de ter feito uma "lista negra", que incluía os seus principais colaboradores. "Quem sair da emissora sem ter sido mandado embora corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais sob a ameaça que estes lá não serão veiculados", protestou".

"Que as chamadas do 'Gordo ao Vivo' (espetáculo que apresentava então no Rio) não passariam na emissora eu já sabia desde outubro pelo próprio Boni, que me disse, em sua sala, quando fui me despedir: 'Já mandei tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala 2 também esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra 'gordo'. Claro que esta última ameaça ficou meio difícil de cumprir. A megalomania ainda não é lei fora da Globo", disse Jô.

A proibição perdurou por alguns anos antes de ser revogada.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.