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No duelo mais longo do JN, Haddad devolve crítica ao PT com ataque à Globo

Mauricio Stycer

15/09/2018 00h37


Programadas para ter a duração de 25 minutos, as entrevistas do "Jornal Nacional" com os principais candidatos à Presidência foram estendidas em dois minutos logo no primeiro dia. O interrogatório a que William Bonner e Renata Vasconcellos submeteram Ciro Gomes teve a duração de 27 minutos.

Nos três encontros seguintes (com Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin e Marina Silva), os apresentadores mantiveram o tom duro, frequentemente exagerado, e o tempo, de cerca de 27 minutos.

Nesta sexta-feira (14), recebendo Fernando Haddad (PT), a rispidez foi a mesma, mas a duração da entrevista foi maior: 30 minutos. Pelas minhas contas, o candidato falou por 17:25 minutos (cerca de 60% do tempo) e os apresentadores ocuparam 12:40 minutos (40%), aproximadamente a mesma proporção das outras quatro entrevistas.

Assim como fez Jair Bolsonaro (PSL), Haddad reagiu a perguntas e críticas dos entrevistadores com observações sobre a Globo. No momento de maior tensão, o candidato procurou fazer uma distinção entre colegas do PT que foram condenados pela Justiça ou são réus daqueles que são investigados.

"Vamos falar de um nome conhecido. A presidenta Dilma não é ré em nenhuma ação que eu tenha conhecimento. Você tem conhecimento?", perguntou Haddad a Bonner. "Ela é investigada, candidato!", respondeu o apresentador. "Mas peraí! Investigado? A Rede Globo é investigada. A Rede Globo é investigada", disse o candidato. "Não é essa a questão", argumentou Bonner. 'É essa a questão. Você condena uma instituição que é investigada?", replicou Haddad

Alguns instantes depois, o candidato voltou ao assunto: "Você não pode, por causa de um indício, condenar. Eu penso que a Rede Globo muitas vezes condena por antecipação. Vocês não tratam os problemas da Rede Globo como vocês tratam os problemas do PT". Bonner respondeu: "Os problemas da República dizem respeito a uma nação de brasileiros, a milhões e milhões de eleitores". Ao que Haddad replicou: "Mas os problemas da Rede Globo dizem respeito a uma concessão pública. Teve um problema na Receita Federal da Rede Globo. Não vou ficar antecipando juízo sobre a Rede Globo."

Em outro momento de confronto, Bonner fez uma longa pergunta (80 segundos) e interrompeu a resposta de Haddad após 25 segundos. "Deixa eu responder. Você fez uma longa pergunta. Deixa eu fazer uma resposta à altura da sua pergunta", criticou o candidato.

Um pouco adiante, Renata tentou interromper uma resposta de Haddad: "Acho que o Bonner já está satisfeito com a resposta". Ao que o candidato disse: "Mas eu não estou. Quando é a sua honra que está em jogo, você decide. Quando é a minha, eu decido."

Às vezes, entrevistas do JN com candidatos lembraram interrogatórios

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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