“Sob Pressão” estreia 2ª temporada, grava a 3ª e ganha luz verde para a 4ª
Mauricio Stycer
09/10/2018 05h01
Há muito tempo a Globo não investia tanto numa série quanto está fazendo com a excelente "Sob Pressão". Em julho de 2017, quando o drama médico estreou, uma segunda temporada já havia sido encomendada. Nesta terça-feira (09), que marca o início da exibição desta nova leva de episódios, já se sabe que a emissora não apenas está gravando a terceira temporada como deu "luz verde" para a criação da quarta.
O tamanho de cada temporada também sinaliza a importância crescente de "Sob Pressão" na grade da emissora. Enquanto a primeira teve nove episódios (o último é duplo), a segunda terá 11 (igualmente com um capítulo final maior). Já a terceira temporada vai ter 13.
A série se baseia, na origem, nos relatos do cirurgião Marcio Maranhão, com base em sua experiência de 15 anos na emergência de hospitais públicos no Rio, registrados no livro "Sob Pressão – A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro".
Um filme dirigido por Andrucha Waddington, com este mesmo título, lançado em 2016, deu o impulso para a produção da série no ano seguinte. Responsável pelo longa-metragem, a produtora Conspiração se associou a Globo no projeto para a TV. A emissora definiu a equipe de criação, sob o comando de Jorge Furtado, com Lucas Paraízo (redator final), Antonio Prata, Marcio Alemão e André Sirangelo, enquanto a produtora assina a direção (Waddington e Mini Kerti).
Anunciada como a principal novidade desta temporada, o tema da corrupção não constitui exatamente algo novo – na primeira leva de episódios, Samuel aceitou comprar um equipamento importante pagando o dobro do valor. O diretor não ganhou nada com a mutreta, mas entendeu que aceitar o golpe era a única forma de conseguir o equipamento, tão necessário.
Como poucas vezes se viu em uma série na TV brasileira, "Sob Pressão" retrata de forma muito realista a situação da saúde pública brasileira – a falta de recursos, a carência de equipamentos, o heroísmo e o estresse dos médicos, o excesso de pacientes, e os muitos dramas do cotidiano, frutos da miséria e da desinformação.
Os nove episódios da primeira temporada registraram média de 27 pontos, em São Paulo, um crescimento de 29% (6 pontos) na comparação com a média da faixa horária nas quatro terças anteriores à estreia. No Rio, a média foi de 30 pontos, um aumento de 30% (7 pontos) em relação à média anterior do horário.
Atenção: spoilers a partir daqui
A nova diretora do hospital entra em cena no quarto episódio. Renata é apresentada como uma boa gestora, mas entende que o sistema só funciona direito por meio da corrupção. Outro novo personagem, o ortopedista Henrique, vivido por Humberto Carrão, vai sujar as mãos com comissões recebidas por fora pelas próteses que coloca em seus pacientes.
A enfermeira Jaqueline (Heloisa Jorge), cujo papel foi criticado por profissionais da área de enfermagem, vai ganhar mais protagonismo na segunda temporada, prometem os criadores da série. Já o médico Décio (Bruno Garcia) vai sair do armário, abrindo um novo leque temático.
Pela primeira vez, um dos episódios, o quinto, será ambientado na maior parte do tempo fora do hospital. A trama gira em torno de um grave acidente de ônibus, em que Carolina está presente.
Sobre a terceira temporada, que será exibida em 2019, uma novidade de peso será a entrada em cena de Drica Moraes, no papel de uma médica infectologista. Um tema que vai permear a série será o da violência dentro do hospital, provocado pela ação de milícias.
Veja também
Autor de "Sob Pressão" brinca e diz que tem assunto para 28 anos de série
"MacGyver do SUS" é a aposta da Globo em Sob Pressão, série médica realista
Após protestos, enfermeira terá participação maior na série "Sob Pressão"
Drama médico 'Sob Pressão' é melhor série exibida pela Globo em 2017
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.