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Na mesma noite, duas novelas repetem clichê do casamento desfeito no altar

Mauricio Stycer

13/11/2018 15h24


"Não sou a primeira noiva a ter sido abandonada no altar", diz Laura (Yanne Lavigne) ao saber que Gabriel (Bruno Gagliasso) desistiu de casar e fugiu. A decisão do rapaz foi um momento crucial e dramático do primeiro capítulo de "O Sétimo Guardião", exibido pela Globo nesta segunda-feira (12), mas a fala da moça veio carregada de ironia.

Duas horas antes, no capítulo de "O Tempo Não Para", Emilio (João Baldasserini) passou por situação idêntica à de Laura. No altar, viu o seu sonhado casamento com Marocas (Juliana Paiva) ser desfeito, após ela se dar conta que seu pai, Dom Sabino (Edson Celulari) já sabia da chantagem que era vítima.

Não há como fugir a alguns clichês básicos em folhetins, mas estes dois casamentos desfeitos no altar na mesma noite, na mesma emissora, mostram que alguns recursos fáceis são repetidos de forma exagerada e sem controle na teledramaturgia.

Outro exagero é o uso de teste de DNA. Na última semana, a falsificação de um exame, encomendada por Coronela (Solange Couto), em "O Tempo Não Para", levou Samuca (Nicolas Prattes) a pensar que é pai do filho de Walesca (Carol Castro).

Nas próximas semanas, em "Espelho da Vida", um exame de DNA vai provar que Alain (João Vicente de Castro) é o pai biológico de Priscila (Clara Galinari), filha de Isabel (Alinne Moraes).

Exames de DNA também foram assunto de "Segundo Sol", encerrada na última sexta-feira (09), no esforço de provar que Karola (Deborah Secco) enganou Beto Falcão (Emilio Dantas) e Luzia (Giovanna Antonelli) a respeito da paternidade de Valentim (Danilo Mesquita).

Enfim, imagino que a vida de autor de novelas seja bem difícil, mas acho que eles podiam se esforçar um pouco mais e evitar a repetição dos mesmos velhos truques.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.