Tão bom quanto os vídeos, livro do Choque de Cultura ri da ignorância geral
A primeira e mais importante observação a ser feita sobre "Choque de Cultura: 79 filmes para assistir enquanto dirige" é que se trata de um livro engraçado demais. Escrevendo como falam no vídeo, Rogerinho do Ingá, Julinho da Van, Renan e Maurílio dos Anjos levam o leitor a gargalhar sozinho, chamando a atenção de quem está em volta.
A segunda observação é que os autores deste livro são oito – os quatro atores que dão a cara a tapa, Caito Mainier, Leandro Ramos, Daniel Furlan e Raul Chequer, além de três outros roteiristas do "Choque de Cultura", David Benincá, Juliano Enrico e Pedro Leite, e o diretor do programa, Fernando Fraiha (os oito estão na foto no alto).
Isso ajuda a tornar ainda mais indeterminada a questão da autoria dos textos de cada personagem do quarteto. E acho legal não saber quem escreveu o que nos roteiros bem como nas resenhas do livro, reforçando a ideia de um coletivo de humor.
Uma terceira observação é que a leitura das críticas de filmes considerados clássicos do cinema, como "O Encouraçado Potemkin", "Laranja Mecânica", "O Poderoso Chefão" ou "Solaris", entre muitos outros, ajuda a entender ainda mais claramente do que nos vídeos a força do humor do "Choque de Cultura".
Além de rir o tempo todo do universo do cinema, eles não esquecem de zoar conosco, seus leitores e espectadores, que falamos sobre qualquer assunto sem entender nada a respeito. Neste nosso mundo, o de comentaristas de tudo, a história parece ter começado ontem.
Por isso, Sergei Eisenstein (1898-1948) copiou Brian de Palma em "Os Intocáveis" (1987) e "o jogo de batalha naval que passava no Bozo". O clássico de Stanley Kubrick não passa de um "Loucademia de Polícia 3" que deu errado. A trilogia de Francis Ford Coppola inspirou no Brasil a série "A Grande Família". E Tarkovsky pronuncia-se "tchaicósvski".
O "Glossário Fundamental do Cinema Mundial" realça esta piada sobre a incultura geral com verbetes como Federico Fellini ("Famoso diretor de pornochanchadas italianas"), Francisco Cuoco ("ator velho"), Glauber Rocha ("Diretor genial de filmes ruins") e Quentin Tarantino ("Inventor da conversa em lanchonete no cinema, amplamente utilizada em Malhação").
Enfim, já dei spoiler demais. No ar há dois anos, o "Choque de Cultura" pode ser visto no canal da TV Quase e, nestes últimos meses de 2018, na Globo, logo depois da exibição dos filmes da Temperatura Máxima, aos domingos. "Choque de Cultura: 79 filmes para assistir enquanto dirige" (Record, 240 págs., R$ 37,90) já foi lançado em São Paulo e Curitiba e tem lançamento previsto para o próximo dia 22 em Vitória.
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