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"Game of Globo": O que significam as mudanças no comando da emissora

Mauricio Stycer

01/12/2018 05h01

Sophia Abrahão, Joaquim Lopes e Ana Clara, os atuais apresentadores do "Vídeo Show", um dos programas da Globo com mais dificuldades no Ibope

A Globo anunciou na terça-feira (27) uma significativa alteração no comando de unidades estratégicas nas áreas de entretenimento e jornalismo. Oficialmente, a movimentação foi motivada pelo anúncio da saída de Eduardo Figueira, diretor de Produção da emissora. Especula-se, porém, que esteja relacionada à perda de competitividade e à queda de audiência de vários programas.

De todas as mudanças, a mais surpreendente foi a escolha de Ricardo Waddington, até então diretor de programas de Variedades e Multittelas, para substituir Figueira. Por que colocar um quadro dos mais criativos da empresa em uma função técnica?

Há quem veja nesta mudança uma disputa de poder, uma espécie de "Game of Thrones" dentro dos Estúdios Globo.

O comando dos principais programas de Entretenimento da Globo era dividido, até então, entre Waddington e Boninho. A ida do primeiro para a área de Produção seria, à primeira vista, uma vitória do poder de influência do segundo. Mas também há, na emissora, quem enxergue que este novo cargo oferece ao executivo a possibilidade de adquirir uma visão mais ampla da empresa, o que o cacifa para voos mais altos.

A segunda mudança surpreendente foi a escalação de um alto executivo do Jornalismo para o comando de vários programas da área do Entretenimento. Como diretor de Variedades, Mariano Boni ficará responsável por programas de entrevistas ("Mais Você", "Encontro", "Vídeo Show", "É de Casa", "Altas Horas", "Amor & Sexo" e "Bem Estar") e talk shows ("Conversa com Bial").

O que esperar? Mudanças drásticas, que talvez só um profissional de fora seja capaz de promover. Não faltam especulações e palpites a respeito. O fim do ultrapassado "Vídeo Show" e a sua substituição por um programa comandado por Fernanda Gentil e Fabio Porchat é uma, entre muitas, ouvidas nos últimos dias. A ver.

Em pé (da esq. para dir.), a diretora de Desenvolvimento Artístico, Monica Albuquerque, o diretor-geral, Carlos Henrique Schroder, e o diretor de Produção, Eduardo Figueira; sentados, os diretores de gênero Ricardo Waddington, Silvio de Abreu, Guel Arraes e Boninho

Esta é a segunda alteração significativa no organograma da Globo sob o comando do diretor-geral Carlos Henrique Schroder, no cargo desde janeiro de 2013. Em dezembro de 2014, ele anunciou o desmembramento do poderoso cargo de diretor de Entretenimento em quatro diretorias, divididas segundo gêneros, formatos e horários de programas.

Silvio de Abreu virou responsável por Dramaturgia Diária (novelas); Guel Arraes pela Dramaturgia Semanal (séries); e a área de Variedades passou a ter dois diretores, Boninho (para programas diários e realities) e Ricardo Waddington (para atrações noturnas e de fins de semana). A estrutura se completava com duas diretorias que já existiam: Produção, comandada por Eduardo Figueira, e Desenvolvimento Artístico, dirigida por Monica Albuquerque.

Em fevereiro de 2018, Guel Arraes decidiu deixar o cargo executivo para voltar a trabalhar com criação. Silvio de Abreu passou, então, a acumular as duas áreas (novelas e séries) e trouxe Gloria Perez para auxiliá-lo.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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