Bolsonaro fala à Record após cancelar entrevista coletiva em Davos
Mauricio Stycer
23/01/2019 21h33
Após frustrar jornalistas do mundo inteiro que acompanham o Fórum Econômico Mundial ao cancelar uma entrevista coletiva programada previamente, o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista à Record nesta quarta-feira (23) em Davos, na Suíça. A entrevista foi exibida às 21h40 no "Jornal da Record".
O presidente, claro, tem o direito de falar com quem ele quiser. Mas ao cancelar uma entrevista que contaria com a presença de jornalistas de diferentes países, uma praxe em eventos deste porte, passou a má impressão de que queria evitar ser confrontado com temas espinhosos.
Mesa no centro de imprensa em Davos onde aconteceria entrevista coletiva de Jair Bolsonaro com os ministros Sergio Moro, Paulo Guedes e Ernesto Araújo. Foto: Luciana Coelho/Folhapress
O cancelamento da coletiva foi anunciado cerca de 40 minutos antes do horário previsto para ela ocorrer. A "Folha" registrou que ao longo do dia foram dadas três justificativas para o que aconteceu. Primeiro, o assessor da Presidência Tiago Pereira Gonçalves disse a repórteres que aguardavam o presidente no hotel que o cancelamento se deu devido à "abordagem antiprofissional da imprensa".
Depois, uma assessora e o ministro Augusto Heleno (GSI) afirmaram que o presidente quis se poupar de uma agenda carregada. Por fim, o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) afirmou que o presidente retornara ao hotel porque precisara trocar a bolsa de colostomia que usa.
Na entrevista a Ana Paula Gomes, da Record, o cancelamento da coletiva foi explicado como "recomendação médica". "Tenho que chegar descansado domingo (27) em São Paulo para que eu possa me submeter a uma cirurgia bastante complexa", disse o presidente. A cirurgia, a ser realizada no Hospital Albert Einstein, para retirada da bolsa de colostomia, está programada para o dia 28, segunda-feira.
"Não posso chegar cansado lá", acrescentou o presidente. "Obviamente que o que nós pudermos cancelar aqui, nós cancelamos. E foi essa coletiva que, no meu entender, tendo em vista o que foi tratado de forma pública, não teria nenhuma novidade a apresentar pra imprensa".
A conversa com a Record durou cerca de cinco minutos. Bolsonaro falou, também, sobre como viu a sua participação em Davos, a imagem do Brasil, a situação na Venezuela e as acusações ao filho Flavio Bolsonaro.
Veja também
Não é justo o que estão fazendo com Flávio pra me atingir, diz Bolsonaro
Com 5 entrevistas, Record foi a favorita de Bolsonaro nos últimos 3 meses
Globo critica falta de perguntas a Flavio Bolsonaro em entrevista da Record
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.