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Ambientada em 1990, Verão 90 erra data ao fazer referência a Irmãos Coragem

Mauricio Stycer

31/01/2019 17h06

Jerônimo (Jesuíta Barbosa) e Janaína (Dira Paes) em cena do segundo capítulo de "Verão 90"

Mal estreou, "Verão 90" já despertou a atenção de espectadores atentos aos mínimos detalhes. A novela das 19h, de Izabel de Oliveira e Paula Amaral, busca recriar com cuidado o ano de 1990 no Brasil, mas nem tudo está perfeito. Exibidos dois capítulos, espectadores já notaram pequenos erros.

No segundo capítulo, Janaína (Dira Paes) resolveu pagar a dívida de jogo que o filho Jerônimo (Jesuíta Barbosa) contraiu com um criminoso, Tutano (Bernardo Mendes) . O valor era de 200 mil cruzados novos – a moeda que vigorou no Brasil apenas entre 16 de janeiro de 1989 e 16 de março de 1990.

Atualizado a valores de hoje, em janeiro de 1990, o valor devido pelo rapaz equivalia a cerca de R$ 115 mil. Era muito dinheiro – toda a economia que a mãe guardava para abrir um restaurante.


No momento de pagar a Tutano, porém, Janaína carregava um envelope magro com notas de um dinheiro que não tem qualquer semelhança com o cruzado novo. Veja, por exemplo, a nota de maior valor, NCz$ 500, que trazia a imagem do ambientalista Augusto Ruschi (à dir.), e compare com o bolo de dinheiro na mão do criminoso (acima).

Outro problema, no mesmo capítulo, foi notado quando Janaína conta a Celestine (Bel Kutner) que batizou os filhos como Jerônimo (Jesuíta) e João (Rafael Vitti) em homenagem à novela "Irmãos Coragem", que ela adorava.

Os protagonistas da trama de Janete Clair eram três irmãos Coragem, João (Tarcísio Meira), Jerônimo (Claudio Cavalcanti) e Duda (Claudio Marzo).

O folhetim foi ao ar na Globo entre 8 de junho de 1970 e 12 de junho de 1971. Mas, numa cena do mesmo segundo capítulo de "Verão 90", João diz ao irmão: "Você tem 22 anos, Jerônimo. Constrói uma vida pra você".

Ora, se Jerônimo tem 22 anos, nasceu em 1968, o que torna impossível sua mãe ter se inspirado na novela que só estreou em 1970. Detalhes…

Os dois problemas foram notados no Twitter por Alexandre Sena. Também agradeço aos leitores Fabio Russo e Silvio Américo, que me escreveram para comentar os deslizes.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.