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O que explica esta obsessão em fazer o espectador chorar na TV

Mauricio Stycer

10/02/2019 05h01

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"Ivan Moré chora" estampou o UOL nesta segunda-feira (2). Ao ler o título, pensei: é notícia velha; já li isso antes. Uma rápida consulta ao Google explicou tudo: de julho de 2015 para cá, esta é a décima vez, pelo menos, que o apresentador da Globo vira notícia por chorar ao vivo.

O apresentador do Globo Esporte chora com facilidade, como o UOL já constatou em várias ocasiões. E essa característica o transforma num tipo de enorme valor para a Globo. Emocionar o espectador é tudo que as emissoras querem.

Histórias que emocionam prendem o público, ajudam a reforçar os seus laços com a televisão. Mostram que os programas estão preocupados em apresentar situações verdadeiras, que transmitam mensagens positivas e estimulem sentimentos nobres.

Na Globo, além de Moré, os campeões em fazer o espectador chorar são Luciano Huck e Faustão. Na Record, a lista é enorme e inclui os programas de Geraldo Luis, Rodrigo Faro e Sabrina Sato. No SBT, Celso Portiolli e Eliana preenchem a cota. Em todos, há quadros que oferecem ajuda aos espectadores, homenagens a celebridades e apelações variadas.

Nesta sua sexta e última temporada, o humorístico "Tá no Ar" riu deste tipo de situação, frequentemente forçada. Marcelo Adnet, usando um figurino que lembrava Faustão, apresentou um programa chamado "Domingo no Ar". Antônio Calloni foi o convidado especial do quadro "É pra Chorar". O personagem de Adnet agradeceu a Globo por autorizar a presença do ator no programa, dando a entender que a piada era com outra emissora, e disse que o estúdio ficava em Alphaville (SP).

Diante de uma série imagens tristíssimas, Calloni resistiu à ideia de chorar, até que Adnet pediu a um assistente que trouxesse uma cebola. Aí não deu para segurar o choro. E, finalmente, ele festejou: "O Calloni chorou!"

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.