TNT Brasil muda diálogos de “Brooklyn Nine-Nine” para citar Bolsonaro
Mauricio Stycer
12/03/2019 20h47
Um episódio da quinta temporada da série cômica "Brooklyn Nine Nine" exibido no último sábado (09) pela TNT no Brasil trouxe diálogos alterados em relação ao original, citando o presidente Jair Bolsonaro. A tradução provocou reações de fãs da série nas redes sociais, mas o canal não deu explicações.
Nesta terça-feira (12), o site "The Wrap" traz uma reportagem sobre o assunto. Com o título "Canal brasileiro mudou diálogo de 'Brooklyn Nine-Nine' para apoiar Bolsonaro", informa que o "erro de tradução" chegou ao conhecimento de Dan Goor, showrunner da série, que ficou surpreso e exigiu que fosse corrigido.
A série é exibida nos EUA no canal Fox e estreou, em janeiro, a sua sexta temporada.
Em um dos diálogos, Boyle (vivido por Joe Lo Truglio) diz: "É melhor 'jair' se acostumando", uma frase muito repetida por apoiadores do presidente Bolsonaro. O personagem também diz que é um "minion", numa referência a seguidores do presidente. No original, ele fala "tramp", que poderia ser traduzido como "vagabundo", mas o tradutor talvez tenha pensado que ele se referia ao presidente americano Donald Trump.
Em postagem no Twitter nesta terça, às 21h10, a TNT Brasil pediu desculpas pelo ocorrido, atribuindo o erro a quem fez a dublagem: "Pedimos desculpas pela dublagem realizada no episódio 5×04 de Brooklyn 99, em que as falas do personagem Boyle tomaram uma direção diferentes da versão original. A TNT solicitou a correção e estamos revisando todos materiais. Além disso, estamos comprometidos em reforçar o controle de qualidade das dublagens dos conteúdos exibidos em nosso canal e empenhados em entregar os futuros episódios com a tradução mais próxima da versão original."
No vídeo abaixo, é possível ver as cenas na versão original e alteradas pela dublagem no Brasil:
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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