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Em Sétimo Guardião, Mirtes cita a ministra Damares para atacar “pervertido”

Mauricio Stycer

26/03/2019 22h44

Mirtes (Elizabeth Savalla) discute com Rita de Cássia (Flávia Alessandra) em cena de O Sétimo Guardião

Em uma sequência forte de "O Sétimo Guardião", nesta terça-feira (26), Aguinaldo Silva colocou uma frase dita pela ministra Damares Alves na boca de Mirtes (Elizabeth Savalla), a beata hipócrita e moralista de Serro Azul.

A referência ocorreu em meio a um surto de Mirtes. Tudo começa quando ela vai à a casa do delegado Machado (Milhem Cortaz), mas só encontra Rita de Cássia (Flávia Alessandra), mulher dele. Elas travam o seguinte diálogo:

Mirtes: Estou querendo falar da perversão do seu marido. Essa mania dele de usar peças íntimas femininas. Ele não tem moral para continuar sendo a autoridade da cidade porque ele é um doente.
Rita de Cássia: Quem é doente é você. Quem lhe deu o direito pra controlar a vida dos outros?
Mirtes: O Senhor. O Senhor me deu a missão de tirar os pecados do mundo e é o que eu estou aqui fazendo. E o pecado do seu marido é gravíssimo porque a lei divina diz que os homens vestem azul e as mulheres vestem rosa.
Cássia: Chega. A senhora é louca, doida de pedra. Já ouvi desaforo demais.

Como todos devem se recordar, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro falou, em um vídeo gravado no dia 2 de janeiro, após a sua posse, que estava sendo inaugurada uma "nova era" no país, em que "menino veste azul e menina veste rosa".

Na continuação da cena, Cassia e Mirtes saem no tapa. Até que chega o delegado. Surpreso, ele tenta entender o que está acontecendo. E a beata explica.

Mirtes: Não se faça de inocente. Pervertido. Doente. Os dois. Pecadores. Não pensem que isso vai ficar assim. Porque eu vou fazer vocês irem pra fora dessa cidade. Vão sair daqui com o rabinho no meio das pernas. Eu vou expulsá-los, assim como o Senhor fez com Adão e Eva.

Em outra cena, Mirtes está em sua casa, escrevendo no computador, quando seu filho, o médico Aranha (Paulo Rocha), chega e a vê toda descabelada.

Aranha: Passou um furacão por aqui ou a senhora saiu de uma sessão de exorcismo?
Mirtes: O tinhoso não faz morada no teto do Senhor.
Aranha: Ah, claro, esqueci que a senhora é uma santa, praticamente canonizada.
Mirtes: Os demônios estão em todos os lugares e a minha missão é destruí-lo. Eles se disfarçam de tudo, até mesmo vestindo peça íntimas femininas.
Aranha: Tá ficando maluca, minha mãe. Fanatismo religioso mata.

Em uma terceira cena, Machado confessa a Aranha que tem este fetiche, mas é acalmado pelo médico, que afirma conhecer fetiches ainda mais exóticos. O delegado pede ao médico que impeça sua mãe de revelar o seu segredo.

Suspeito que, vendo a sequência, a ministra Damares fique em dúvida se Aguinaldo fez uma homenagem ou uma crítica a ela.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.