No final da década de 1970, Carlos Alberto acusou Silvio Santos de “roubo”

Na entrevista em que contou sobre os 11 anos que ficou sem falar com Silvio Santos, Carlos Alberto da Nóbrega não entrou em detalhes sobre o motivo da briga. O comandante de "A Praça É Nossa" lembrou que, na época, estava muito abalado por causa da morte do pai ("Eu estava totalmente desequilibrado") e que o Patrão vivia um período de deslumbramento com o sucesso e o poder.

Mas qual foi a razão da briga?

Algum tempo depois da morte de Manuel de Nóbrega (1913-1976), em meados dos anos 1970, Carlos Alberto deu uma entrevista à rádio Bandeirantes na qual acusou Silvio de tê-lo roubado. Ele dizia que tinha direito a 10% das ações do Baú da Felicidade. São palavras fortes e pesadas:

"Ele me roubou 10%… Isso é uma safadeza, uma crueldade. Ele é um canalha, um ladrão, um safado. Nunca mais falei com ele. Só no enterro do meu pai e na morte da mulher dele… Essa é a história do Silvio Santos."

Este trecho da gravação foi citado pelo jornal "Folha da Tarde" em 8 maio de 1987. Em outro trecho, Carlos Alberto diz: "Silvio Santos é um canalha, ladrão, safado. Ele não tem bandeira, não tem religião, não tem sangue, só pensa em dinheiro".

A reportagem da "Folha da Tarde" explica que a fita com a entrevista de Carlos Alberto à Band estava circulando em São Paulo possivelmente divulgada por alguém da emissora.

A Band estava furiosa com Carlos Alberto naqueles dias de 1987. Em 27 de março daquele ano, ele havia estreado "Praça Brasil" na emissora. Mas ficou apenas duas semanas (e gravou cinco episódios). Num lance famoso, em abril Silvio Santos contratou Carlos Alberto e toda a equipe do humorístico para o SBT, rebatizando-o de "A Praça É Nossa" (a estreia foi em 7 de maio).

A contratação, em 1987, foi fruto da reconciliação entre Carlos Alberto e Silvio. O filho de Manoel de Nóbrega posteriormente disse que foi levado a acreditar, por terceiros, que tinha direito a parte do Baú, mas se enganou. "Depois eu fui ver que estava errado. Me envenenaram", ele conta na entrevista ao "Tricotando" (veja abaixo). Nunca mais falou das acusações.

Em público, Silvio e Carlos Alberto já trocaram elogios várias vezes. Num encontro emocionante, no Troféu Imprensa de 2017, o comandante da Praça disse:

"Eu só tenho que agradecer de coração a você. Porque quando eu vim para cá, no meu primeiro programa, talvez tenha sido o dia mais importante na minha vida de artista, pois você fez uma declaração de amor ao amigo, e tudo aquilo que você falou você cumpriu até hoje. Se a 'Praça' hoje tem 30 anos, é porque você acreditou em mim, nos momentos difíceis você confiou em mim e se não fosse a liberdade que eu tenho de trabalho, total liberdade, a 'Praça' não teria 30 anos. Não teria 30 anos em emissora nenhuma."

E Silvio respondeu lembrando de Manoel de Nóbrega: "É claro que a gratidão é inerente ao ser humano. Você disse que se não fosse eu você não teria a 'Praça' até hoje, mas se não fosse o seu pai eu não teria tudo o que eu tenho até hoje", disse.

Correção: Na versão original deste texto, disse que o programa de Nóbrega na Band se chamava "A Praça da Alegria". O correto é "Praça Brasil".

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