Gugu faz 60 anos: "Quem sabe eu não volte com um show semanal ao vivo?"
Mauricio Stycer
12/04/2019 17h43
Entre 1981 e 2009, talvez apenas Silvio Santos tenha aparecido mais na tela do SBT do que ele. Mesmo assim, ao fazer 60 anos nesta quarta-feira (10) e olhar para trás, Gugu Liberato faz um balanço rigoroso sobre o que fez na televisão: "Vejo que o tempo passou muito rápido e que gostaria de ter realizado muito mais coisas".
Da estreia na tela, aos 21 anos, na "Sessão Premiada", até o comando do show de talentos "Canta Comigo", na Record, em 2018, são quase 40 anos de televisão. Uma história e tanto.
No vídeo acima, rememoro alguns momentos desta trajetória de Gugu. Na entrevista abaixo, respondida por e-mail dos Estados Unidos, onde mora, o apresentador faz um breve balanço da carreira. Fala, também, sobre a onda de formatos estrangeiros que dominam a programação ("não sei até quando vai durar") e especula sobre o seu futuro: "Quem sabe eu não volte com um show semanal ao vivo?"
Gugu, 60 anos de idade, quase 40 de televisão… Quando você olha para trás, o que você vê?
Vejo que o tempo passou muito rápido e que gostaria de ter realizado muito mais coisas. Na verdade, nunca pensei em ser apresentador de televisão. Cursei jornalismo na Cásper Libero, tinha como referência o jornalista Reali Junior. Ficava imaginando como seria a vida de um correspondente internacional e isso se tornou meu objetivo. Mas o destino acabou me levando para a produção de programas e comecei aí meu aprendizado na TV.
Era mais fácil fazer televisão nos anos 1980 e 90?
Acho que nessas duas décadas fazíamos uma televisão de ideias que eram criadas por nós mesmos. Não havia ainda compra de formatos do exterior. Tínhamos um papel em branco na segunda-feira e botávamos a cabeça para funcionar. Era divertido.
Em 2017, você apresentou pela última vez um programa de auditório clássico, com o seu nome no título. Não existe mais espaço para este tipo de programa?
Estamos na onda dos formatos e não sei até quando isso vai durar. Alguns desses formatos já vêm até com faturamento garantido de multinacionais. Isso torna-se muito mais interessante para as emissoras: investirem em algo cujo retorno financeiro é praticamente garantido. Também já não se formam novos comunicadores como antes. Praticamente todos os veteranos trabalharam no rádio. Essa experiência é muito importante. Digamos que não precisa ser apresentador ou animador para apresentar um formato.
O que podemos esperar do Gugu em 2019 na TV?
Tenho um contrato com a Record para apresentar dois formatos: "Power Couple" e "Canta Comigo". Minha família mudou-se para os Estados Unidos e procuro estar o maior tempo possível com eles. Esses dois formatos permitem que eu fique muito mais lá do que aqui.
Quais são seus planos para o futuro próximo, sei lá, os próximos dez anos?
Sabemos que a TV aberta passa por uma profunda transformação, então estou de olho nas tecnologias que já estão sendo testadas no exterior a fim de fazer com que o telespectador interaja através da internet com o programa e o apresentador. Sinto que a TV ao vivo ainda desperta uma certa curiosidade nas pessoas, então quem sabe eu não volte com um show semanal ao vivo? O tempo dirá.
Este conteúdo foi publicado originalmente em TV e Famosos com o título "Gostaria de ter realizado muito mais coisas", diz Gugu ao festejar 60 anos.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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